“O regresso das pessoas deslocadas às suas casas, que os israelitas ainda não aceitaram, é o principal ponto pelo qual estamos bloqueados”, declarou o primeiro-ministro qatari, Mohammed ben Abdelrahmane Al-Thani, durante uma conferência de imprensa em Doha.
Outro ponto de desacordo relaciona-se com o número de palestinianos detidos que devem ser libertados por Israel em troca da libertação dos reféns sequestrados pelo movimento islamita palestiniano em 07 de outubro, acrescentou, ao considerar que esta questão “poderá ser resolvida”.
O Qatar, os Estados Unidos e o Egito estão envolvidos desde há semanas em conversações para a obtenção de uma trégua na Faixa de Gaza — praticamente arrasada pelo Exército israelita e ameaçada pela fome — e garantir a libertação dos reféns.
Os mediadores esperavam obter um cessar-fogo antes do início do Ramadão (11 de março), sem sucesso, com as duas partes a acusarem-se mutuamente pelo bloqueio negocial.
“Infelizmente, os pontos nos quais permanecíamos bloqueados quando negociámos em Paris em fevereiro são fundamentalmente os mesmos sobre os quais permanecemos hoje bloqueados”, declarou o primeiro-ministro aos jornalistas.
“Fazemos o nosso melhor para encontrar soluções, fazemos o nosso melhor para assegurar que seja garantida uma situação de entendimento”, assegurou ainda.
No domingo, a televisão egípcia Al-Qahera anunciou que as negociações deveriam ser retomadas no Cairo nesse mesmo dia.
Ainda no domingo, o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu acusou o Hamas de ter “endurecido” a sua posição. Hoje, o chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, acusou Israel de tergiversação.
O Exército de Israel iniciou uma ofensiva generalizada sobre a Faixa de Gaza na sequência dos ataques do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) em 07 de outubro de 2023 contra alvos militares, policiais e civis israelitas perto do enclave palestiniano, com um balanço de 1.160 mortos segundo dados oficiais.
Desde então, Israel desencadeou uma ofensiva na Faixa de Gaza que até ao momento já provocou 33.000 mortos, na maioria crianças e mulheres, de acordo com o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas.
A ofensiva israelita também destruiu a maioria das infraestruturas de Gaza, incluindo hospitais e escolas, e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave.
A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes devido ao colapso dos cuidados de saúde, ao surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
Desde 07 de outubro de 2023, mais de 420 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico, para além de se terem registado perto de 7.000 detenções e mais de 3.000 feridos.
Segundo as autoridades israelitas, a ofensiva sobre Gaza já provocou desde 7 de outubro cerca de 600 mortos entre as suas forças militares.
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