“Iremos discutir com as autoridades nacionais competentes em todos os nossos países da UE e teremos mais discussões esta tarde sobre os resultados da avaliação de hoje e também sobre o impacto em possíveis estratégias de vacinação”, disse a diretora executiva da Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla inglesa), Emer Cooke.
A responsável falava em conferência de imprensa no dia em que o regulador europeu concluiu existir uma possível ligação de vacina da AstraZeneca e coágulos e insistiu nos benefícios, minutos antes de se juntar à reunião de urgência promovida pela presidência portuguesa do Conselho da UE por videoconferência.
Presidida pela ministra portuguesa da Saúde, Marta Temido, esta reunião informal dos ministros europeus da tutela segue-se ao anúncio público das conclusões do relatório do PRAC (Comité de Avaliação do Risco em Farmacovigilância) da EMA sobre a segurança da vacina AstraZeneca, visando uma harmonização de posições entre os vários Estados-membros da UE.
Emer Cooke estará presente na ocasião para dar conta dos resultados da investigação.
A agência europeia divulgou hoje que existe uma “possível relação” entre a vacina contra a covid-19 da farmacêutica AstraZeneca e a formação de “casos muito raros” de coágulos sanguíneos, mas insistiu nos benefícios do fármaco.
“A EMA encontrou uma possível relação [entre a vacina da AstraZeneca] e casos muito raros de coágulos de sangue incomuns com plaquetas sanguíneas baixas”, mas “confirma que o risco-benefício global permanece positivo”, informou o regulador em comunicado.
Em concreto, o comité de segurança da EMA “concluiu hoje que coágulos de sangue invulgares com plaquetas sanguíneas baixas devem ser listados como efeitos secundários muito raros da Vaxzevria”, nova denominação da vacina da AstraZeneca, tendo em conta “todas as provas atualmente disponíveis”, adiantou.
Notando que “a covid-19 está associada a um risco de hospitalização e morte”, a agência europeia reforçou que “a combinação notificada de coágulos e plaquetas sanguíneas baixas é muito rara”, pelo que “os benefícios globais da vacina” da AstraZeneca “superam os riscos de efeitos secundários”.
Nesta investigação, a EMA verificou que estes casos muito raros de coágulos de sangue ocorreram, principalmente, em mulheres com menos de 60 anos de idade, no prazo de duas semanas após a vacinação, embora não tenha chegado a qualquer conclusão sobre fatores de risco específicos.
Uma possível explicação poderá estar na baixa resposta imunológica destas pessoas, mas também no facto de mais mulheres estarem a ser vacinadas na Europa.
Haverá agora uma nova atualização da informação sobre a vacina, dadas as conclusões hoje divulgadas.
Atualmente, estão aprovadas quatro vacinas na UE pela EMA: Pfizer/BioNTech (Comirnaty), Moderna, Vaxzevria e Janssen (grupo Johnson & Johnson, que estará em distribuição em meados deste mês de abril).
Pelo menos cerca de 24,8 milhões de doses de vacinas da AstraZeneca contra a covid-19 chegaram já à UE, apesar das polémicas envolvendo a farmacêutica, tendo também chegado dois milhões de doses das vacinas russa e chinesa.
Os dados constam da ferramenta ‘online’ criada pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças para rastrear a vacinação no espaço comunitário e que tem por base as notificações dos Estados-membros, revelando que, até hoje, foram distribuídas perto de 98,8 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 na UE, das quais 79,1 milhões de doses já foram administradas.
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