Um porta-voz de Downing Street, de acordo com o The Guardian, reiterou que "esta tarde, a primeira-ministra aceitou o pedido de demissão de Boris Johnson enquanto ministro britânico dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido. O seu sucessor será anunciado em breve. A primeira-ministra agradece Boris pelo seu trabalho".

Num artigo publicado em junho, no jornal The Sun, Johnson tinha sinalizado que a população não iria tolerar uma retirada “suave” do bloco europeu — defendida por algumas camadas políticas – pois tal passaria uma imagem indefinida, pelo que deve romper completamente com Bruxelas.

Johnson, que votou a favor do ‘brexit’ no referendo de há dois anos, disse que os britânicos querem que o Governo “cumpra o mandato público” com uma saída total da UE.

Todavia, Theresa May tinha reiterado que Bruxelas devia de considerar as suas propostas de forma “séria” depois de na sexta-feira ter chegado a um consenso com os seus ministros sobre um plano para a futura relação bilateral. Este plano será aplicável depois do período transitório de 21 meses após a saída dos britânicos da UE, prevista para 29 de março de 2019.

Esta demissão acontece horas depois da saída do ministro David Davis e do seu número 2, Steve Baker. Davis havia invocado discordar com o plano revelado na sexta-feira para a criação de uma zona de comércio livre entre o Reino Unido e União Europeia que implicava manter o mesmo conjunto de regras para bens.

Na sua carta de demissão, Davis alegou que a proposta de criar uma zona de comércio livre entre o Reino Unido e a UE ao aderir às regras europeias controla, aprovada na sexta-feira, deixa o país "na melhor das hipóteses, numa posição de negociação fraca, e possivelmente inaceitável".

Manifestando discordância com o plano da primeira-ministra, Theresa May, disse que, na sua opinião, "a consequência inevitável das políticas propostas será tornar o suposto controlo pelo Parlamento ilusório, e não real". Invocou ainda ser do interesse nacional um ministro responsável pelas negociações para o Brexit "que seja entusiasta da sua estratégia, e não apenas um recruta relutante."

David Davis foi uma voz forte da defesa do Brexit no Governo de May, que tem estado dividido entre os apoiantes de uma ‘saída limpa’ da União Europeia e aqueles que querem manter ligações próximas ao bloco de países europeus.

Os ‘pro-Brexit’ têm criticado Theresa May por considerarem que os planos da primeira-ministra mantêm o Reino Unido demasiado perto da União Europeia, o que limita a capacidade do país para avançar com novos acordos comerciais.