Em declarações ao vespertino londrino The Evening Standard, dirigido desde 2017 pelo antigo ministro conservador George Osborne, Hunt adverte de que “aumenta a cada dia” a possibilidade de as negociações entre o Reino Unido e a União Europeia (UE) acabarem sem acordo, o que causará o caos para ambas as partes.
Hunt, que hoje e na quarta-feira se reunirá com os seus homólogos em França e na Áustria, diz que a atual posição da UE, que descartou boa parte das propostas britânicas, poderá causar “o colapso das relações e da confiança entre o Reino Unido e os 27″.
Na opinião do novo chefe da diplomacia britânico, que substituiu Boris Johnson no cargo, tal será “um profundo erro geoestratégico”.
“Há uma verdadeira probabilidade de acabar sem acordo de forma acidental. Toda a gente parte do princípio de que não, não, não, isso não acontecerá. Bem, na realidade, sim, poderá acontecer”, sustentou.
“A França e a Alemanha devem enviar um sinal claro à Comissão [Europeia] de que temos de negociar um resultado pragmático e sensato, que proteja o emprego de ambos os lados do Canal [da Mancha], porque por cada emprego perdido no Reino Unido, haverá empregos perdidos também na Europa se o ‘Brexit’ não correr bem”, defendeu.
Jeremy Hunt crê que uma eventual ausência de acordo seria “uma tragédia” para o continente europeu, que mudaria “a atitude dos britânicos em relação à Europa durante uma geração”.
O ministro insistiu em como as empresas europeias são dependentes do financiamento procedente da City de Londres, embora o Governo francês não esconda que está a tentar atrair as empresas do setor para Paris.
“A City encontrará maneiras de prosperar, à margem do resultado das negociações do ‘Brexit’, comentou, frisando que, em contraste, o impacto nas empresas continentais seria “profundo”.
O responsável assegurou que o Governo britânico tem uma vontade renovada desde a saída de Boris Johnson e do ministro para a saída da UE, David Davis — substituído por Dominic Raab -, que eram partidários de um ‘Brexit’ duro e que não paravam de se opor aos planos da primeira-ministra, Theresa May.
“Assenta no facto de termos um executivo com uma posição unificada, é absolutamente claro para nós o que queremos, sabemos que não só é o melhor para o Reino Unido como é também o melhor para a Europa”, afirmou na entrevista.
“Por isso saímos e o defendemos com afinco”, explicou Hunt, um de vários ministros britânicos que passarão as próximas semanas a tentar persuadir os colegas europeus.
Tanto o Reino Unido como a UE querem chegar a acordo sobre uma base para a futura relação bilateral antes do Conselho Europeu de outubro, mas, por enquanto, persistem as diferenças.
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