“Na Nicarágua, os crimes contra a humanidade são cometidos com um cunho de terrorismo de Estado e de um Estado Policial de Exceção”, aponta o ‘Relatório da Verdade – Ditadura e Repressão na Nicarágua: Luta contra a Impunidade’.
Este estudo sublinha cada uma das “etapas da ação estatal” iniciada em abril de 2018, desde a “repressão generalizada à manifestação dos cidadãos, a imposição de um estado de terror e a ‘operação de limpeza'”, que causaram a morte a centenas de pessoas.
É ainda referida “a criminalização do protesto social, detenções arbitrárias, presos políticos, a proibição do protesto social, o caminho para um estado de exceção, sequestros, tortura e prisões clandestinas”, noticia a agência EFE.
O relatório realça também “a prisão e a criminalização dos adversários eleitorais”, referindo-se às eleições de 07 de novembro onde foi reeleito Daniel Ortega, embora muitos países e organizações questionem a sua legitimidade.
O Presidente nicaraguense, Daniel Ortega, 76 anos, impôs-se num escrutínio assinalado pela ausência da oposição, na sequência da detenção nos últimos meses de sete potenciais candidatos à presidência, que surgiam como os seus principais opositores, e da dissolução de três partidos políticos.
O documento analisa ainda as manifestações antigovernamentais de 2018, apontando que 355 pessoas morreram, incluindo 27 crianças e adolescentes, 2.000 ficaram feridas, mais de 1.614 foram presas, centenas de profissionais de saúde, professores e alunos, foram despedidos ou expulsos, e mais de 100 mil pessoas fugiram da Nicarágua, entre elas quase uma centena de jornalistas.
Para a presidente da CIDH, Antonia Urrejola, este relatório está “em consonância” com “todos os relatórios que a comissão fez”.
E realçou que em 2018 o Estado da Nicarágua tomou medidas “que, segundo o direito internacional, deveriam ser considerados crimes contra a humanidade”.
“Agora, infelizmente, intensificou-se o encerramento dos espaços democráticos, o que visa impedir qualquer forma de manifestação contra o Governo”, destacou durante a apresentação ‘online’ do documento.
Antonia Urrejola apelou também ao “fim da tortura e do isolamento de mulheres detidas na prisão de ‘El Chipote’ e, especialmente, à libertação imediata dos 160 prisioneiros políticos”.
As organizações humanitárias propuseram ainda à ONU a criação de uma “missão internacional independente para determinar os factos sobre a Nicarágua”.
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