"Depois de apuradas e sedimentadas do ponto de vista técnico todas as circunstâncias, (…) a obra do mercado do Bolhão não irá durar os 24 meses previstos no concurso, mas será prolongada por mais 50% do tempo", revelou hoje o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, numa conferência de imprensa esta tarde.

Segundo o autarca, o atraso deve-se a uma "dupla circunstância - solo diferente e ainda mais instalável e galerias mais degradadas" o que "aconselha", por razões de segurança, uma abordagem diferente quanto ao método construtivo" na contenção e construção da cave.

"Em primeiro lugar porque, apesar do desvio do curso da água (?), os níveis freáticos do terreno continuam a ser mais elevados do que aquilo que se pensou ser tecnicamente possível. (?) Por outro lado, concomitantemente, verificou-se que o estado de degradação das galerias superiores era, afinal bastante mais grave do que era possível apurar a partir dos estudos preliminares".

Numa declaração lida, o presidente da autarquia explicou que simultaneamente à necessidade de utilizar um método construtivo diferente na contenção e construção da cave, "a necessidade de reconstruir a totalidade da galeria, abre também espaço para que esse novo método construtivo alternativo para a cave possa ser aplicado, de forma mais célere e com maior facilidade de execução".

"Caso as galerias se mantivessem intactas durante toda a obra, como estava inicialmente previsto, a abordagem que agora se propõe seria impossível. E a construção cave ficaria comprometida, mais morosa e menos segura. Seria mais cara e demoraria mais tempo, atirando a conclusão do restauro para dezembro de 2021", acrescentou Moreira.

Tendo em conta estas circunstâncias, o consórcio que está a executar a obra propôs ao município alterar o método construtivo da cave, que depois de validado pela equipa de projetistas, pode avançar de imediato.

"Depois de ter obtido a validação da equipa de projetistas quanto a estas alterações, o Conselho de Administração da GO Porto comunicou hoje à presidência da Câmara estar em condições de estabelecer um novo calendário e de se avançar de imediato com esta nova solução", afirmou o independente.

O autarca deixou, contudo, claro que "o projeto, no seu âmago, finalidade, resultado final, mantém-se inalterado", não sofrendo qualquer alteração "a traça do edifício e das suas características".

Rui Moreira reconhece, no entanto que a obra será atrasada um ano relativamente ao previsto na adjudicação, mas sublinha que seria mais morosa caso se mantivesse o método inicialmente previsto.

"Não aceitar esta nova solução proposta seria comprometer ainda mais os prazos e o preço final da empreitada, já que seriam necessários novos trabalhos suplementares", afirmou, acrescentando que com esta solução não é esperada "uma alteração substantiva do preço da obra".

Em declarações aos jornalistas, Rui Moreira revelou depois que o desvio do preço da obra não chegará aos 3%.

Já a obra de construção do túnel de acesso à cave, empreitada autónoma da obra de reabilitação do Mercado do Bolhão, "não sofreu, desde a sua adjudicação, qualquer atraso, pelo que o trânsito pedonal será retomado na rua da Formosa em fevereiro e a circulação automóvel reposta em setembro", revelou o autarca que sublinhou que estes prazos foram sempre comunicados aos comerciantes.

Durante a sua intervenção, o autarca lembrou a complexidade da obra, num edifício centenário que nunca recebeu qualquer intervenção de fundo, deixando claro que embora haja prazos legais e autarquia os faça cumprir, ignorar as circunstâncias "muito particulares" desta obra era ignorar as evidências históricas e a experiência em intervenções em património classificado.

Aos jornalistas, Rui Moreira, que reuniu antes da conferência de imprensa desta tarde com os comerciantes do Mercado do Bolhão, frisou que os comerciantes não ficaram surpreendidos, alguns até pensavam que o atraso seria maior, referiu, mas pediram mais apoio do município.

"Aquilo que nos disseram é que querem que a câmara continue a apoiar o Mercado Temporário, e esperam que os cidadãos do Porto também contribuam para o mercado temporário seja um sucesso", afirmou, sublinhando que os comerciantes percebem melhor do que ninguém as vicissitudes de fazer uma intervenção naquele edifício.

A 15 de maio de 2018, a Câmara divulgou na sua página da Internet que a obra de restauro do edifício do Mercado foi naquele dia adjudicada e que as "primeiras máquinas" já tinham entrado no edifício centenário, prevendo-se que a reabilitação fique pronta dentro de "dois anos".

(Artigo atualizado às 19:40)

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