Stephen Barclay adiantou que, “quando o debate começar, na quarta-feira, o Governo será claro com a Câmara [dos Comuns] sobre o que foi alcançado desde que o voto foi adiado no mês passado”.
Barclay respondia ao líder trabalhista, Jeremy Corbyn, que apresentou uma questão urgente para esta tarde, exigindo uma atualização sobre os progressos feitos nas negociações do ‘Brexit’.
O principal partido da oposição insistiu que fosse a primeira-ministra a responder, mas não é obrigatório, desde que seja enviado um ministro relevante.
Corbyn salientou o facto de faltarem menos de três meses até à data do ‘Brexit’, a 29 de março de 2019, vincando: “Esta questão vai definir o futuro do Reino Unido por muitas gerações e não pode ser decidido por conspirações internas no partido Conservador”.
O líder trabalhista acusou a primeira-ministra de estar a esgotar o tempo para pressionar os deputados, “numa tentativa desesperada para tentar dar vida a um acordo monstruoso tipo Frankenstein”.
Numa conferencia de imprensa hoje, na qual apresentou um plano para o sistema nacional de saúde, Theresa May garantiu que “houve algum movimento da União Europeia” desde a cimeira de líderes europeus, em meados de dezembro.
Segundo o porta-voz, a primeira-ministra britânica esteve em contacto com líderes europeus no período do Natal, incluindo com os homólogos da Irlanda, Leo Varadkar, da Alemanha, Angela Merkel, da Espanha, Pedro Sánchez, e da Holanda, Mark Rutte, e ainda com os presidentes de França, Emmanuel Macron, da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e do Conselho Europeu, Donald Tusk.
“Nos próximos dias, o que vamos determinar não tem apenas a ver com a União Europeia, mas também com o que podemos fazer a nível interno”, adiantou May, referindo-se a “medidas específicas para a Irlanda do Norte, propostas para um papel mais importante do parlamento” quando se passar à próxima fase das negociações, ao mesmo tempo que continua a “trabalhar em garantias adicionais relativamente ao que preocupa os deputados”
O debate sobre o acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia na Câmara dos Comuns vai ser retomado na quarta-feira e deve prolongar-se até quinta ou sexta-feira, enquanto o voto, que estava previsto para 11 de dezembro, deverá acontecer na semana seguinte.
O texto inclui um período de transição de 21 meses, até ao final de 2020, durante o qual se aplicariam as regras atuais para permitir que empresas e serviços aduaneiros se preparem para controlos alfandegários mais complicados.
Mas a aprovação do acordo continua incerta devido à objeção, não só dos partidos da oposição, mas também de deputados do partido Conservador e do Partido Democrata Unionista (DUP) da Irlanda do Norte, que é aliado e garante a maioria do governo no parlamento.
Na altura, May comprometeu-se a obter “garantias legais e políticas” dos líderes europeus para tentar ultrapassar as objeções, sobretudo relacionadas com a solução de salvaguarda conhecida por ‘backstop’, criada para evitar o regresso de uma fronteira física entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda caso não exista um acordo sobre as relações futuras no final de 2020.
Eurocéticos receiam que o pais fique indefinidamente numa união aduaneira com a UE e sujeita a regras europeias sem poder sair unilateralmente, enquanto que os unionistas contestam a imposição de normas diferentes na região da Irlanda do Norte relativamente ao resto do Reino Unido.
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