Em declarações à SIC Notícias, José Sá Fernandes, coordenador do grupo de projeto para a Jornada Mundial da Juventude, começou por explicar que "há uma separação de poderes e tarefas" para se saber quem faz o quê em cada evento associado ao encontro de jovens.

"Há cinco eventos, cada um com custos diferentes, cada um com regras e tarefas diferentes, distribuídas por vários parceiros. Há o encontro com os voluntários, o último encontro, que provavelmente vai acontecer em Oeiras; há três encontros que provavelmente vão ser no Parque Eduardo VII — a missa de abertura, com o Cardeal Patriarca de Lisboa, o acolhimento do Papa Francisco e a Via Sacra, evento a cargo da Câmara de Lisboa. Depois há uma Feira da Juventude, que corre vários palcos, também da competência da CML, um deles no Terreiro no Paço. Depois há a Cidade da Alegria, uma feira das vocações e do perdão, que vai acontecer em Belém e que é da responsabilidade do grupo de projeto que eu coordeno", enumerou.

Além disso, há depois "um grande evento que vai acontecer no Parque Tejo-Trancão, que é o último, que tem a Vigília e a Missa final, e que ocupa território de Lisboa e território de Loures. As tarefas estão distribuídas e os custos estão distribuídos", aponta ainda.

Sobre os custos hoje divulgados sobre o altar-palco nesse local, Sá Fernandes frisa que "não estava" a par. "A minha função principal desde início é articular todos os ministérios do governo, de maneira a [acelerar] tudo aquilo que for preciso articular com as câmaras", evidencia.

Frisando que "não fiscaliza" o trabalho desenvolvido pela Câmara de Lisboa, o coordenador do grupo de projeto para a Jornada Mundial da Juventude recorda que "há uma separação de poderes e tarefas".

A título de exemplo quanto a custos na área que coordena relativamente ao Parque Tejo, Sá Fernandes diz que entre ecrãs, som, luz e casas de banho são estimados 8 milhões de euros. Questionado sobre se acha razoável este valor para um único evento, responde que "é razoável porque são 100 hectares" e o retorno da JMJ "anda à volta de 350 milhões de euros".

"Um milhão de pessoas, no mínimo, a estarem em território português a gastarem, numa semana, 200€, dá este valor", nota, baseando-se em dados da Jornada Mundial da Juventude em Madrid, em 2011. "A despesa nunca chega aí", frisa ainda.

"Em relação ao palco, fiquei surpreendido porque nunca pensei que o cálculo tivesse este custo e essa dimensão em termos de pala. Este é o maior palco que alguma vez aconteceu em alguma jornada", realçou. "Sempre alertei, desde abril, que o palco é uma grande empreitada e é aquilo que nos falta ter consolidado. A minha função também é alertar, até para se fazer num custo no espírito da própria Igreja, deste Papa".

"Há sempre requisitos [da Igreja]. Desde o início que sabíamos que este era um palco de grande dimensão, é um estrado para estarem lá duas mil pessoas", diz. "A dimensão do palco era aquela, estava no projeto que nós deixámos preparado. Sabíamos que ia ser de grande dimensão, o problema é a opção técnica que se toma. Uma coisa é saber que vou ter de fazer um grande palco com um estrado, outra é a opção que define que vou ter uma coisa mais ou menos barata. Não estou a dizer que este palco não custe isto, mas podiam haver soluções bastante mais baratas", critica.

"Fico surpreendido por ser uma coisa de 5,3 milhões de euros. Se formos ver um desenho feito por este executivo, não precisava de fundações. Só o facto de fazermos uma pala daquele tamanho, para ensombramento do Papa, do coro e etc., custa 1 milhão de euros. A partir do momento em que a solução é outra, o preço aumenta substancialmente", refere ainda.

Sá Fernandes salienta que conhece bem "esta situação porque os quatro grandes investimentos no Parque Tejo-Trancão ainda foram no executivo anterior, que deixava tudo pronto, incluindo para o palco assentar no terreno".

"A empreitada que está em curso ainda hoje permitia depois, com a laje, pousar o palco. Essa empreitada custa 7,8 milhões de euros — e foi gabada, e ainda bem, na passagem de testemunho", referiu, afirmando que o mesmo aconteceu com a ponte sobre o rio Trancão, que "fica para sempre" e tem um valor de 4 milhões.