Cerca de 40 dirigentes sindicais manifestaram-se hoje à porta do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, em Lisboa, enquanto uma delegação que integrava a Federação Nacional de Professores (Fenprof), Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS), o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) e o Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica (STSS) reunia-se com a CVP para mais uma ronda negocial em sede de mediação com a DGERT.
No final da reunião, António Quitério, dirigente da Federação Nacional de Professores (Fenprof), anunciou aos restantes que o encontro havia terminado com “uma mão cheia de nada”, lembrando que a fase de discussão é sobre o período normal de trabalho e que havia já um entendimento com a instituição para aplicar as 35 horas semanais.
“Agora foi-nos dito que não senhor, toda a gente tem que fazer 40 horas. Portanto, a nossa posição foi isto, não é aceitável por parte dos sindicatos”, afirmou, acrescentando que os sindicatos ainda puseram a hipótese de terminar com as negociações, mas depois aceitaram voltar a reunir-se por causa do período normal de trabalho.
Sobre a tabela salarial, o dirigente sindical disse que a argumentação da CVP foi a de que o aumento do salário mínimo nacional impõe custos e que “a massa salarial é grande”.
“Mas a tabela salarial nunca pode ser discutida, na nossa perspetiva, se não tivermos já definido o período normal de trabalho”, adiantou.
Revelou que ficou acordado entre as partes que os sindicatos vão apresentar uma contraproposta à CVP sobre o período normal de trabalho até sexta-feira, dia 08 de março, tendo ficado já agendada nova reunião para dia 21 de março.
António Quitério adiantou também que no dia 07 de março haverá uma reunião com o secretário de Estado do Trabalho “por causa do arrastamento deste processo negocial na Cruz Vermelha Portuguesa”.
Por outro lado, lembrou como este processo negocial se arrasta há vários anos, tendo passado por três direções diferentes da CVP.
O coordenador Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais recordou que o processo negocial chegou “a evoluir num sentido que não era mau”, tendo em conta que já havia um “compromisso” para fechar o acordo nas 35 horas semanais.
“A direção da Cruz Vermelha muda e essa proposta cai na mesa negocial e voltam atrás com a palavra dada pela direção anterior”, disse Sebastião Santana.
Adiantou que o processo negocial, que “já deveria estar concluído há muito tempo”, tem três questões “centrais”: “Reduzir o horário, aumentar salários e regular as carreiras”.
“A Cruz Vermelha tem muitos milhares de locais de trabalho, muitos dos trabalhadores são também voluntários e fazem-no de coração aberto e a Cruz Vermelha abusa desse voluntariado e quer transformar horários de trabalho em trabalho voluntário e misturar conceitos”, criticou.
Explicou que a reunião de hoje, na DGERT, é mais uma entre as várias que já decorreram em seio de mediação no Ministério de Trabalho “por ausência de resposta da Cruz Vermelha”.
Perante a ausência de resultados na reunião de hoje, e confrontado com a hipótese de não haver alterações nas negociações, Sebastião Santana afirmou que os sindicatos “vão ter com certeza de avançar para a luta”, não havendo, para já, iniciativas programadas.
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