Ouvido como testemunha na quinta sessão do julgamento do Caso EDP, no Juízo Central Criminal de Lisboa, o antigo administrador do BES revelou que Salgado lhe disse que tinha estado na origem da ida de Pinho para o executivo, assegurando que o ex-presidente do GES tinha “uma relação íntima” com Sócrates.
“Mais tarde comunicou-me pessoalmente a mim que ele, Ricardo Salgado, tinha tido interferência na ida dele [Manuel Pinho] para o Governo”, disse José Maria Ricciardi, primo de Ricardo Salgado, acrescentando que “[Quem exerceu influência] foi Ricardo Salgado sobre o [então] primeiro-ministro, José Sócrates… Para ministro da Economia”.
E continuou, apresentando a sua justificação para esta situação: “Penso que José Sócrates, tendo uma relação intima com Ricardo Salgado, este terá lembrado que tinha uma pessoa extremamente qualificada e que estava, de certa forma, desaproveitada. Mais tarde, vim a saber que [Manuel Pinho] já tinha desenvolvido trabalho com elementos do PS e não era propriamente uma pessoa do espaço político de oposição do PS”.
O depoimento do antigo presidente do BES Investimento contraria as declarações de Manuel Pinho em tribunal, em que o ex-ministro alegou que Ricardo Salgado até o desaconselhou de ir para a política.
Manuel Pinho, em prisão domiciliária desde dezembro de 2021, é acusado de corrupção passiva para ato ilícito, corrupção passiva, branqueamento e fraude fiscal.
A sua mulher, Alexandra Pinho, está a ser julgada por branqueamento e fraude fiscal – em coautoria material com o marido -, enquanto o ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, responde por corrupção ativa para ato ilícito, corrupção ativa e branqueamento de capitais.
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