Em declarações aos jornalistas, no parlamento, Rui Rio disse que, para lá do pedido de ponderação, não é provável que ele próprio apresente uma nova proposta formal de adiamento das diretas e Congresso para depois das legislativas - que foi chumbada no Conselho Nacional de 14 de outubro com 71 votos contra, 40 a favor e quatro abstenções, ainda antes do ‘chumbo’ do Orçamento do Estado para 2022 que conduzirá à dissolução do parlamento.
No entanto, Rio não rejeitou que essa proposta possa partir de outros conselheiros, dizendo que os mais de 100 que têm essa possibilidade enquanto membros eleitos “são livres” de o fazer, sem descartar um desfecho diferente.
“Da outra vez não acreditaram num cenário que eu estava a dar como provável - haver crise política e eleições antecipadas. Não acreditaram porque era um cenário, agora não há cenário nenhum, agora o problema está à frente de nós, é real, só não sabemos a data”, afirmou.
Questionado se uma maior afluência de conselheiros poderá inverter o tom da reunião - que foi mudada de um hotel para o Centro de Congressos de Aveiro -, Rio não foi taxativo.
“Pode ditar uma maior ou menor afluência, pode ditar o facto de não haver cenários, mas situações concretas. Uma coisa não dita: que é fazerem aquilo que eu mandar fazer. Eu não mando no Conselho Nacional, nem tão pouco domino o Conselho Nacional, como já ficou visto no último, não controlo nem tenho de controlar, só controlo os meus argumentos”, defendeu.
Questionado se manterá a sua recandidatura à liderança seja qual for o desfecho da reunião de sábado, Rio respondeu que “em princípio nada se alterará” nesse aspeto.
Rui Rio foi questionado sobre as críticas que o seu adversário nas diretas, o eurodeputado Paulo Rangel, lhe dirigiu na quarta-feira quanto à forma como se tem dirigido ao Presidente da República quanto à data das eleições, mas disse não querer responder.
“Respondia com a maior simplicidade, mas é por isso que tenho posto à reflexão dos portugueses e, sobretudo, dos militantes do PSD se podemos ter eleições internas ao mesmo tempo que legislativas. Ele atacou-me e agora eu atacava-o a ele e depois vamos andar nisto um mês e, entretanto, o dr. António Costa vai fazendo a sua campanha, tal como os outros partidos à esquerda e à direta”, justificou.
“Se realmente formos para uma campanha, é isso que vai acontecer”, avisou.
Rui Rio frisou que o Conselho Nacional de sábado foi convocado “com o apoio do dr. Paulo Rangel” - referindo-se ao requerimento de mais de 60 conselheiros e dirigentes distritais que pediram a reunião para antecipar o Congresso -, afirmando que, existindo este Conselho Nacional, a direção entendeu ser necessário debater “outra vez” a situação política e incluir a dissolução do parlamento e as eleições antecipadas na ordem de trabalhos.
“Uma coisa podem ter a certeza: vou fazer a análise da situação e dizer que o Conselho Nacional deve ponderar muito bem o que está a fazer, isso vou fazer, mais do que isso não”, afirmou.
Ainda assim, se algum conselheiro fizer uma proposta de adiamento do calendário, fonte da direção recordou que, segundo o regulamento do Conselho Nacional, esta poderá ser sujeita a voto secreto (no último foi de braço no ar), caso tal seja pedido “por um quinto dos membros do Conselho Nacional presentes”.
Rio foi ainda questionado sobre a data das eleições legislativas, reiterando que a primeira data possível é 9 de janeiro e “talvez a mais equilibrada” o domingo seguinte, a 16.
Sobre as notícias que relataram que, no Conselho de Estado, se referiu a um calendário mais tardio, em abril, o presidente do PSD explicou ao que se referia.
“Se houver a vontade de - até me custa dizer a palavra - de dar uma ajuda ao PSD para que o PSD possa ter eleições internas e que isso perturbe o mínimo as legislativas, e que não seja quase tudo ao mesmo tempo, aí teria de ser efetivamente em abril, mas não me parece que se vá por aí nem que seja uma solução. Já estamos a complicar o que é simples, vamos aguardar pelo Presidente da República, o que ele disser está determinado”, afirmou.
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