No final de uma visita ao Espaço Júlia, em Lisboa, de apoio às vítimas de violência doméstica, Rui Rio foi questionado se concordava com o pedido de demissão feito pelo líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, na RTP, do secretário de Estado do Ambiente, que nomeou um primo para adjunto, falando antes de ser conhecida a demissão do próprio Carlos Martins, já aceite pelo ministro.

“No caso do secretário de Estado do Ambiente é lógico que a responsabilidade é do secretário de Estado que nomeou e não do primo que foi nomeado”, afirmou Rio.

“O problema é que as situações que temos aqui em torno do que chamo a família socialista são de tal ordem que, se eles se começarem a demitir todos, depois a certa altura restam poucos”, afirmou.

Perante a insistência se Carlos Martins devia ou não demitir-se - o que acabou por acontecer ao final da manhã -, o líder do PSD voltou a alertar para a dimensão global do problema.

“Olhando individualmente para cada um dos casos, obviamente que quem tem de se demitir é quem nomeia e não quem é nomeado. Agora, são tantos e tantos, não sei como o primeiro-ministro deve resolver. Perguntem ao primeiro-ministro”, afirmou.

Rio assegurou que, se estivesse no lugar de António Costa, “não nomeava familiares nem fomentava a nomeação de familiares ou da família partidária”.

Questionado se esta polémica fragiliza a atividade do Governo, Rio considera que afeta pelo menos a confiança que os portugueses têm no executivo.

“Quando temos um Governo que, em vez de nomear por competência, nomeia por laços familiares ou de amizade fragiliza a confiança que os portugueses podem ter no Governo”, considerou.

O líder parlamentar do PSD pediu esta quinta-feira a demissão do secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins. Em declarações à RTP, Fernando Negrão considerou que a "responsabilidade política" é do governante que nomeou o primo mas que se mantém em funções.

Ao final da manhã, o Governo anunciou que o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, pediu hoje a demissão, que foi aceite pelo primeiro-ministro.

Carlos Martins sai do Governo depois de ter sido noticiado, na quarta-feira, que nomeou o primo Armindo Alves para adjunto do gabinete. Armindo Alves já se tinha demitido na quarta-feira.