"É notório que o Governo teve de fazer esta alteração, passagem de 40 para 35 horas, para poder agradar ao Partido Comunista e ao Bloco de Esquerda e assim formar a coligação parlamentar que foi formada", disse Rui Rio aos jornalistas, à margem da reunião do Conselho Estratégico Nacional do PSD, que hoje decorreu em Coimbra.
O líder social-democrata acrescentou que a medida de redução da carga horária semanal, que se aplica ao setor da saúde a partir de domingo, foi tomada "por necessidade político-partidária e não por estratégia de gestão da administração pública".
"Aquilo que os portugueses vão perceber cada vez mais e melhor é o custo de uma solução parlamentar onde há choques políticos e ideológicos muito fortes entre o Partido Socialista, o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda", argumentou.
Rio lembrou declarações dos bastonários dos Médicos e dos Enfermeiros sobre a situação e também os alertas feitos por ele próprio "já há meses", na sequência de diversas visitas a hospitais: "Isto está mal e ainda vai ficar pior", frisou.
O líder do PSD assinalou que as críticas à medida do Governo não querem dizer que o país não possa um dia passar das 40 para as 35 horas no setor da saúde, "mas tem de ser feito de uma forma estruturada e sabendo o que vai acontecer e prevendo o que vai acontecer".
"Da forma como foi feito, o resultado é este e ainda vai ser pior", alegou.
Questionado sobre a solução que devia ser adotada, Rui Rio considerou que é uma "excelente pergunta" para ser feita ao primeiro-ministro ou ao ministro da Saúde.
"O PSD foi o partido que fez o contrário, não fez isso. Para nós era evidente que ao fazer-se desta forma havia setores onde não há problema nenhum e há setores da administração pública, designadamente a saúde, onde há efetivamente problemas. Agora, tem de ser o Governo que criou este problema a dar a resposta ao problema que criou", enfatizou.
Rio voltou a alertar que se a situação no Serviço Nacional de Saúde com falta de recursos face à passagem das 40 para as 35 horas semanais "já está muito mal, ela vai piorar" mas recusou usar a palavra ‘caos' para a definir.
"A classificação de caos, estamos no domínio do português, cada um pode achar [que é] caos ou não caos. Mas que a degradação dos serviços vai ser notória isso infelizmente parece-me que é inultrapassável. E infelizmente num setor muito importante para toda a gente que é o setor da saúde", sustentou o presidente do PSD.
A partir de domingo, enfermeiros, assistentes e técnicos vão regressar às 35 horas de trabalho semanais, em vez das 40 atuais, numa altura de férias e em que há greves marcadas por sindicatos às horas extraordinárias.
Os administradores hospitalares alertam que atividades programadas como cirurgias terão de ser reduzidas, caso não seja reposto o número de profissionais necessário para garantir a qualidade do serviço, na sequência da aplicação das 35 horas de trabalho semanais.
[Notícia atualizada às 16:11]
Comentários