Num almoço-debate da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, em Lisboa, Rui Rio fez uma intervenção inicial onde reiterou algumas prioridades do programa eleitoral do PSD, como a economia, ambiente, saúde e reformas estruturais, com um dos ‘vices’ desta instituição, o antigo líder do CDS-PP Paulo Portas, na assistência e ao seu lado na mesa de honra.
Na fase das perguntas, foi questionado por Miguel Horta e Costa, outro ‘vice’ da Câmara de Comércio, sobre a atuação do Banco de Portugal (BdP).
“Obviamente que nenhum português pode ver a atuação do Banco de Portugal nos últimos anos – num sentido muito alargado, não é nos últimos dois ou três anos - com bons olhos como é evidente. Se o BdP tivesse estado atento, se tivesse intervindo, se o BdP tivesse sido mais independente do próprio sistema, nunca teríamos chegado à situação que chegámos nos mais diversos bancos, para não falar só no BES”, referiu Rio.
O líder social-democrata recordou a resolução feita em 2014 pelo BdP – quando era primeiro-ministro o antigo líder do PSD Pedro Passos Coelho e governador Carlos Costa, ainda em funções - e que resultou na separação entre o Grupo Espírito Santo e o Banco Espírito Santo em 2014.
“Afirmações feitas sobre o GES e o BES demonstram que o BdP não estava bem ciente do problema, quando diz que o GES estava mal e o BES estava bem – levaram na altura o próprio Presidente da República [Cavaco Silva] a fazer essa afirmação -, demonstra falta de conhecimento”, considerou Rio.
“Tinha de ter muita prudência (…) sob pena de enganar as pessoas, como enganou muitas, que perderam ainda mais dinheiro”, afirmou, justificando o seu olhar “muito, muito crítico” sobre a atuação das “várias administrações” do banco central.
Num almoço perante algumas dezenas de empresários – do PSD estiveram presentes o secretário-geral, José Silvano, e o vogal da direção Maló de Abreu –, Rio foi questionado se admitia fazer uma ‘geringonça’ à direita e repetiu o que já disse sobre o tema, rejeitando o termo, mas admitindo um entendimento com o CDS-PP.
“Uma geringonça é algo mal amanhado que, no caso da esquerda, foi concertado apenas para haver uma maioria parlamentar e não tinha um programa estratégico para Portugal, daí que lhe chamaram geringonça (…) À direita, nunca pode haver uma geringonça em que eu seja o líder, porque à direita tem de ser uma ligação consistente e com sentido estratégico”, disse.
Feita a ressalva, Rio disse não só admitir, como apoiar, a ideia de um eventual entendimento à direita, desde que seja para “somar 116 deputados com sentido estratégico”.
Perante uma plateia de empresários, Rio defendeu que para conseguir cumprir a promessa do PSD de “melhores empregos e melhores salários”, é preciso “fazer o contrário” do que aconteceu nos últimos quatro anos” de Governo PS apoiado numa maioria de esquerda, apostando mais nas exportações do que no consumo privado.
Na saúde, reiterou a ideia de que “gerir um hospital é como gerir uma empresa” – com a diferença que os hospitais ‘produzem’ serviços de saúde – e prometeu prioridade ao ambiente, “mesmo que não dê grandes votos”.
Sobre reformas estruturais, reiterou que estas têm de ser feitas “num consenso o mais alargado possível”.
“Se queremos efetivamente mudar o sistema político ou reformar a justiça não há nenhum partido, nem que tenha maioria absoluta, que um dia o consiga fazer”, defendeu, garantindo que o PSD irá sempre “liderar” este movimento a favor de reformas, seja qual for o resultado das legislativas de 06 de outubro.
No final do almoço, questionado pelos jornalistas porque motivo não se consegue aparentemente entender com o PS em matéria de transportes – depois de críticas do primeiro-ministro, António Costa, nos últimos dias às opções do PSD na área da ferrovia e do futuro aeroporto de Lisboa -, Rio considerou que, nestes casos, não se trata de reformas estruturais, mas de investimentos estruturais.
“Quando falamos, por exemplo, nos transportes estamos a dizer se há mais ou menos investimento ou se o comboio anda um bocadinho mais depressa ou um bocadinho mais devagar”, apontou.
O líder do PSD repetiu que, no programa do PSD, “ninguém está a falar de TGV”.
“O TGV aplicado a Portugal significaria fazer Porto-Lisboa numa 1 hora e 15 minutos, não é disso que estamos a falar. Estamos a falar de comboios de alta velocidade, que dão mais de 200 km por hora, não estamos a falar de comboios que andam a 300 e tal quilómetros por hora”, referiu.
(Artigo atualizado às 15:52)
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