Em declarações aos jornalistas num intervalo do Conselho Nacional extraordinário do PSD, que decorre em Aveiro, Rio veio explicar que, com a antecipação de calendário que defende (diretas em 20 de novembro e congresso entre 10 e 12 de dezembro), “os militantes não têm tempo de pagar as suas quotas”.

“A proposta que faço, dado o caráter absolutamente excecional disto tudo, é que também tenhamos abertura excecional e votem os militantes”, afirmou.

Rio salientou que, com esta alteração, “a legitimidade da eleição sai mais reforçada, porque eleição mais aberta não pode haver”.

“Alguém tem medo disto? Eu não tenho medo de eleições”, assegurou.

Questionado sobre a posição que defendeu em 2019 - quando a direção rejeitou a proposta do então candidato à liderança Luís Montenegro - para abrir os cadernos, Rio insistiu que continua a pensar que “a lei devia obrigar os partidos a exigirem um pagamento de uma quota”.

“Agora, estamos numa situação absolutamente excecional porque vamos ter eleições legislativas, temos de ter soluções excecionais a não ser que queiram fechar muito os cadernos”, justificou.

Para o presidente do PSD, “o ideal” seria, como tem defendido, que as eleições internas só se realizassem depois das legislativas de 30 de janeiro, insistindo ter mandato até fevereiro.

“Aí a regra seria a normal e transversal [de pagamento de quotas]”, referiu, dizendo que, se “aconteceu um terramoto”, o PSD não pode agir como numa situação normal.

Questionado sobre a possibilidade de abrir a eleição a simpatizantes, Rio admitiu que “o ideal” seria a realização de primárias, mas considerou o tempo demasiado curto para esse processo.

Sobre a sugestão do seu opositor Paulo Rangel de diretas em 27 de novembro, Rio disse não querer “entrar em rodriguinhos”.

“Se se passa para 27, tudo é empurrado uma semana para a frente. Querem eleições numa altura que não devia haver, então vamos fazer o mais depressa possível, porque não sei se a esta hora o PS está a fazer alguma ação de campanha”, afirmou, considerando que este tipo de discussão só é usado por quem “politicamente não tem força”.

O prazo limite para pagamento de quotas estava fixado em 17 de novembro e, por enquanto, apenas 27.700 militantes tinham a quota em dia.

A proposta de Rio pretende abrir as diretas aos cerca de 83.000 militantes ativos, ou seja, os que pagaram pelo menos uma quota nos últimos dois anos.