“Não troquei nenhuma palavra com o Presidente da República, da minha parte propositadamente até, da parte dele não sei. Toda a crise que o primeiro-ministro montou é uma coisa artificial, é um golpe de teatro com falta de qualidade, ao falar com o Presidente da República estava a dar valor a uma coisa que não tem valor nenhum”, afirmou Rio, em entrevista à TVI.

O líder social-democrata voltou a acusar António Costa de ter “montado uma farsa”, ao admitir demitir-se se o parlamento aprovar em votação final global a contagem integral do tempo de serviço dos professores, salientando que foi o PS que votou contra as salvaguardas financeiras que o projeto do PSD continha.

“O primeiro-ministro é responsável pela estabilidade e não pela instabilidade, e muito menos por interesses partidários, porque lhe estão a correr mal as europeias”, acusou.

Questionado sobre o que poderá o PSD oferecer aos professores, se vier a ser Governo, Rio prometeu que haverá uma negociação com os sindicatos, dizendo ser “impossível fazer as contas” antes dessa discussão.

A negociação poderá passar, exemplificou, por antecipar em um ano a idade de reforma para os professores que tenham tempo a recuperar ou por uma redução de 10% do horário de trabalho a partir dos 60 anos.

“Podemos e devemos olhar para os sindicatos e negociar”, defendeu Rio, considerando que não é por o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, ser de outra área política que o PSD não avalia o que é justo para os professores.

O líder do PSD contestou, por outro lado, os números que têm sido apresentados nesta matéria pelo ministro das Finanças, acusando Mário Centeno de “manha”.

“Os 800 milhões de que fala é o que nunca aconteceria: dar tudo a todos e já, que é o que digo que não posso fazer”, afirmou.

Além disso, acrescentou, ainda que aceitasse o valor de 800 milhões, a despesa líquida para o Estado “seria de 480 milhões”, uma vez que os trabalhadores pagam IRS e descontam para a Caixa Geral de Aposentações.

No caso dos professores, e uma vez que o PSD defende uma reposição que passe por um conjunto de variáveis, Rio diz que “não é possível fazer as contas sem ter à frente o acordo estabelecido, porque depende de negociação”.

“Se eu ganhar as eleições tenho obrigação de negociar com os sindicatos e aí as contas serão possíveis”, afirmou.

Rio defendeu idêntico princípio para as restantes carreiras da administração pública, mas salientou que estas têm de ser “revistas com equidade”, apontando diferenças, por exemplo, para com os magistrados.

“Os professores que chegarem ao topo de carreira ganham 3.300 euros brutos por mês, um juiz quando começa a trabalhar com 20 e tal anos recebe 3.324 euros”, salientou, acrescentando que “mal vai o país quando não trata bem os seus professores”.

Questionado sobre a ameaça de greve da Fenprof às avaliações, Rio escusou-se a adiantar a posição do PSD.

“Sei lá se vou apoiar a greve ou não apoiar a greve (…). Nem sei se há greve, é com o doutor Mário Nogueira, não é comigo”, disse.