Em entrevista à rádio Observador, o líder social-democrata não se comprometeu com uma posição sobre a regionalização – dizendo que só concordará com um modelo que reduza a despesa pública -, e defendeu que qualquer alteração terá de passar por um novo referendo.
Durante mais de uma hora, Rui Rio explicou as prioridades do programa eleitoral do PSD, que resumiu em “melhores empregos e melhores salários”, e reiterou que no cenário macroeconómico do partido há margem para uma atualização salarial dos salários da função pública pelo menos à taxa da inflação.
“Para lá disso, depende daquilo que for a nossa capacidade de contenção da despesa corrente”, disse, defendendo que os salários no Estado “podem e devem estar ligados ao mérito, à avaliação”.
Questionado se é necessário reduzir o número de funcionários públicos, Rui Rio diz que só poderá responder depois de serem realizadas auditorias de gestão, mas deixou desde já uma certeza.
“Pode não ter de reduzir, mas pode e deve redimensionar, arrumar, disso não tenho dúvidas, que há serviços com faltas e outros com pessoas a mais”, afirmou, dando como exemplo que “há professores a mais” por haver menos crianças.
O líder do PSD voltou a admitir que foi muito debatida na direção do partido a possibilidade de reintroduzir no programa as 40 horas e voltar a subir o IVA da restauração – esta subida chegou a estar prevista “num pré-programa” dos sociais-democratas -, mas foi decidido não o fazer para “não andar permanentemente em mudança”.
Questionado sobre a polémica entre o Governo e os autarcas a propósito das responsabilidades nos incêndios dos últimos dias nos concelhos de Vila de Rei, Sertã e Mação, Rio lamentou que o primeiro-ministro e o ministro da Administração Interna “não se tivessem coibido de criticar os autarcas com matas e florestas ainda a arder”.
“Não vi com bons olhos que o Governo começasse a sacudir a água do capote, dizendo que a responsabilidade não é dele, mas dos autarcas”, afirmou, deixando a restante apreciação para depois de ir aos locais dos incêndios, o que acontecerá “nos próximos dias”.
Questionado se se deve caminhar para a regionalização na próxima legislatura, Rui Rio defendeu que o país debata o tema, considerando que “a regionalização é uma possibilidade, a mais extrema, num quadro de descentralização”.
“Nós tivemos um referendo que chumbou essa via. Se chumbou por referendo - e não foi há cem anos -, em minha opinião carecerá sempre de ser aprovado da mesma maneira”, afirmou.
Sobre a sua posição em concreto, o líder do PSD respondeu que a “posição mais honesta” é responder que não sabe.
“Depende, se fôssemos repetir o referendo de há 21 anos em que eu votei contra, votava não, porque aquilo não era nada, era retalhar o país”, afirmou, considerando que poderá vir a ser favorável se se comprovar que se corta na despesa pública ao ter regiões administrativas com parte do orçamento e competências do Estado.
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