"Do meu ponto de vista, mudar é inevitável e a mudança está a caminho. Estou muito motivado neste momento", disse o criador do Festival de Sundance, de 81 anos, numa conferência de imprensa que assinala o arranque do evento de cinema independente, que este ano decorre de 18 janeiro a 28 janeiro, em Park City, Utah, nos Estados Unidos.

"Está a fazer com que haja mais oportunidades para as mulheres, assim como vai criar mais oportunidades para que as mulheres no cinema se consigam fazer ouvir e ter os seus próprios projetos. Estou muito entusiasmado", afirmou.

Redford revelou que as mulheres se estão a opor ao assédio e a reivindicar pagamentos iguais aos dos seus pares masculinos, obrigando o poder tradicional da indústria do cinema, centrado nos homens, a mudar.

"É uma espécie de ponto de inflexão porque está mudar a ordem das coisas. Desta forma, as mulheres estão fortalecer a sua voz", disse aos jornalistas. "O papel dos homens agora seria ouvir e deixar que as vozes das mulheres sejam escutadas e pensar sobre isso, para talvez discutir [sobre o assunto] entre eles próprios", acrescentou o ator.

Harvey Weinstein, jornalismo e Fake News

O escândalo em torno de Weinstein causou um verdadeiro terramoto nos Estados Unidos, levando numerosas mulheres do mundo do espetáculo a fazer queixas sobre o produtor que era considerado um mongol de Hollywood. Sobre o assunto, o icónico realizador considera que a indústria vai seguir em frente, que se tratou de um episódio marcante, mas que não vai parar o mundo cinematográfico.

“Penso que vamos seguir em frente. Não penso que ele consiga parar o espetáculo”, disse.

Durante a conversa com a imprensa, que durou cerca de uma hora, também não faltou comentários à administração Trump e à maneira como o presidente norte-americano conduz a sua política, especialmente no que ao jornalismo diz respeito, uma área pela qual Redford admitiu ter admiração desde os tempos em que deu vida a Bob Woodward, repórter de investigação do Washington Post, que ajudou a investigar o caso Watergate, em “Os Homens do Presidente” (1976).

“O jornalismo é importante para mim. Parece que anda sempre sob ameaça porque o jornalismo é o nosso meio de obter a verdade, [sendo que] obter a verdade é cada vez mais difícil neste clima [atual]”, revelou.

Redford estendeu ainda o seu comentário sobre a definição de “fake news” que sai constantemente da Casa Branca. “Tu queres que o jornalismo represente a verdade. E isso só cria dificuldade ao público para perceber o que se está a passar”, concluiu.