Os manifestantes começaram a concentrar-se cerca das 14:00 na Alameda Dom Afonso Henriques, tendo pelas 16:30 iniciado um desfile pela Avenida Almirante Reis, passando pelo Martim Moniz, até à Praça do Intendente, percurso que vai estar cortado ao trânsito pela PSP.

No desfile encontram-se algumas viaturas com grupos musicais, existindo também cartazes em que se lê “não somos especuladores, somos espetadores”, “turistas não são habitantes”, “respeitem as licenças de habitação”, “ocupar as ruas, reclamar a cidade” e ainda “câmara ao serviço dos cidadãos, não ao serviço do dinheiro”.

“A iniciativa partiu de um conjunto de pessoas diverso e de várias associações e coletividades que se juntaram para tentar mostrar o que sentem, o que está errado na cidade, e para mostrar que há possibilidade de reclamar a cidade e de fazer deste espaço um espaço nosso. Há uma série de questões que estão a afetar a cidade de Lisboa e que já afetaram outas cidades, que estão a afastar as próprias pessoas que cá vivem”, disse à agência Lusa Inês Carvalhal, da organização.

Segundo o grupo de cidadãos e associações denominado Rock in Riot, “a modernização de Lisboa nas últimas décadas tem vindo a redesenhar o território metropolitano enquanto um gigantesco negócio”.

“Os espaços que outrora eram vividos coletivamente estão agora reconfigurados enquanto mero meio de criar dinheiro e as infraestruturas que visavam organizar a vida coletiva parecem agora apenas organizar a velocidade das interações económicas”, sublinha a nota divulgada pelo Rock in Riot para anunciar a iniciativa de hoje.

Em causa está ainda a subida do preço das habitações, o aumento dos despejos e a segurança dos inquilinos.

Bernardo Alves, também da organização, destacou que a manifestação é “exatamente contra as políticas de habitação”, já que o espaço habitacional está a ser utilizado “apenas como um negócio e não com a sua função de habitação”.

“Pretendemos mais levantar questões do que dar respostas, do que dizer à Câmara o que deve ou não fazer. Devemos pensar esta ação de rua como um barómetro para questionarmos simbolicamente todas estas dinâmicas urbanas que têm vindo a pautar a cidade nos últimos tempos e que estão a tornar cada vez mais insustentável a questão da habitação em Lisboa”, explicou Bernardes Álvares, elemento da organização do protesto.

“Uma perspetiva alargada da cidade torna claro que o aumento dos preços da habitação é fruto dos negócios partilhados entre a banca, os fundos imobiliários e o poder autárquico. A expulsão das populações mais pobres e marginalizadas do centro, a gestão policial dos bairros das periferias […] ou a privatização de ruas, praças, jardins e teatros municipais não são fenómenos separados, mas constituem a expressão da forma como o espaço urbano se tornou numa máquina produtora de capital”, destacam ainda os organizadores do protesto na informação distribuída.

[Notícia atualizada às 17:59]

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