"Sempre nos recusamos a mandar a toalha ao chão. Quando tivemos de decidir, acho que, à sua maneira, ela fez-nos entender que queria viver", diz a dona de Ronda, Patricia Rodrigues.
A razão do salvamento tem um nome: Henrique Armés. O veterinário, diretor de uma clínica em Lisboa, é um dos grandes pioneiros no campo destas novas próteses para animais de estimação a nível europeu.
Sendo o único especialista que realiza esse tipo de intervenção em toda Península Ibérica, Armés nunca operou um cão tão imponente quanto Ronda, cadela de 50 quilos que teve um tumor cancerígeno na pata dianteira direita.
Em setembro, após duas operações e vários meses de hospitalização no hospital veterinário de São Bento, Ronda reuniu-se com os seus donos em Aveiro, fruto de uma técnica que tem sido refinada nos últimos dez anos e que consiste na fixação de uma prótese externa na cavidade óssea do membro amputado. Desde então, a cadela acostumou-se à prótese.
"Ela consegue andar rápido o suficiente, mas não pode correr, pois vai coxear sempre um pouco", conta o seu dono, Arlindo Junior, de 32 anos.
Este tipo de operação pode custar entre 2.000 e 4.000 euros. Se o animal não rejeitar o implante, o dr. Armés garante uma taxa de sucesso superior a 90%.
Cereja, um gatinho que perdeu a pata dianteira esquerda após ser atropelado por um carro, representou um desafio totalmente diferente para o veterinário.
"A grande dificuldade é criar o implante correto. Ele teve de ser adaptado, pois é um animal de quatro quilos e com uma cavidade óssea menor do que dois milímetros", explica o veterinário. Hoje, a sua clínica tem uma lista de cães e gatos que também esperam recuperar a mobilidade perdida.
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