O pavilhão do Casal Vistoso, em Lisboa, é hoje palco da segunda parte do encerramento da segunda edição da iniciativa “Engenheiras por um Dia”, em que várias universidades, laboratórios e empresas vão dinamizar 'workshops' para os alunos do terceiro ciclo e do secundário e mostrar que esta também é uma área para mulheres.

Sara Cardoso é aluna do terceiro ano da licenciatura em engenharia de Telecomunicações e Informática do Instituto Superior Técnico de Lisboa e está a dinamizar um dos 'workshops', juntamente com outro colega, no caso com experimentação em soldadura.

Acredita que não há áreas específicas para homens e mulheres e diz que na faculdade onde estuda isso é cada vez menos frequente, “porque o que interessa é o que elas gostam e não os estereótipos”, ressalvando que são profissões com futuro.

“Eu ainda não acabei o curso e já tenho entrevistas de empregos”, sublinhou.

Apesar dessa vantagem, Joana Raimundo, 16 anos, da Escola Secundária Augusto Cabrita, no Barreiro, não pensa “seguir nada relacionado com engenharias”, apesar de ainda não saber quais vão ser as suas opções no futuro.

“Não me identifico, não é nada que eu me veja a fazer no futuro”, disse à Lusa.

Já Rita Correia, 16 anos, da mesma escola, não tem dúvidas de que as áreas de engenharia “são para mulheres”, mas também diz que não se vê a fazer no futuro algo nessas áreas.

“É muito giro fazer num dia, experimentar, mas não sei se me veria a fazer isto”, apontou, sublinhando que as suas preferências vão para a psicologia e para o trabalho com pacientes.

Num outro 'workshop' é pedido a um grupo de seis alunas, que trabalham a pares, para montarem um pequeno robot com umas peças semelhantes a Legos.

Para Eva Rocha, 15 anos, o desafio está a revelar-se fácil, “parecido com os Legos”, mas não o suficiente para a convencer numa profissão nesta área, apesar de não ver qualquer distinção entre profissões para mulheres ou para homens.

“Qualquer um pode ser o que quiser. Eu acho que nós devemos seguir os nossos sonhos e não interessa o nosso género”, defendeu.

Tiago Rodrigues, em representação da empresa de engenharia Altran, concorda que a área das engenharias ainda é maioritariamente masculina, mas defendeu que são cada vez mais as mulheres que procuram empregos neste setor, dando como exemplo a empresa onde trabalha e as vantagens em existirem equipas mistas para a realização dos trabalhos.

Beatriz Borrego, 16 anos, da Escola Secundária Bocage, em Setúbal, experimentou criar uma aplicação para telemóvel e contou que achou o desafio difícil quando começou, mas depois acabou por achar que afinal era “bastante básico”.

“Gostei, achei bastante fácil e interessante, por isso, talvez um dia escolha esta área”, admitiu, acrescentando que não é a única e que as colegas também ficaram bastante interessadas.

Em declarações aos jornalistas, a secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade defendeu que a iniciativa de hoje “é fundamental para combater a ideia e a prática das segregações das profissões”.

“Sabemos que a reduzida participação das mulheres e raparigas nas áreas das engenharias e das tecnologias é um défice grave que temos de combater da mesma forma temos de combater a ideia global que existe e afasta rapazes de escolherem áreas que consideram femininas e mulheres de escolherem áreas como estas das engenharias e tecnologias”, disse Rosa Monteiro.

De acordo com a responsável, há um movimento de segregação em toda a Europa e defendeu que essa segregação tem consequências ao nível da diferença salarial entre homens e mulheres.

“Queremos combater e isso não se faz apenas com leis”, sublinhou.

Rosa Monteiro destacou que a iniciativa deste ano teve a participação de 12 universidades, 27 escolas de todo o país, além de 25 empresas e entidades como a Ordem dos Engenheiros ou centros tecnológicos.

Entre as duas sessões de encerramento, em Lisboa e em Guimarães, estiveram presentes 80 laboratórios de engenharia e tecnologia, sendo que na sessão a norte participaram mais de 500 alunos.

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