Segundo o independente Rui Moreira, está a ser feita uma avaliação que visa perceber o que terá acontecido nas infraestruturas que “normalmente e ao longo de mais de 100 anos têm sempre funcionado para levar as águas do centro histórico até ao rio [Douro]”.
A ideia é perceber o motivo pelo qual, “desta vez, a água, em vez de andar no rio de Vila, andou em cima”, afirmou.
À margem da cerimónia de louvor dos 180 profissionais que estiveram envolvidos nas enxurradas que ocorreram sábado, Rui Moreira disse ter forte convicção de que a capacidade do rio de Vila “não foi esgotada”.
“O que vimos é que houve intervenção na obra do Metro. Tive oportunidade de visualizar [in loco, na terça-feira] que houve passagens e entradas para o rio de Vila que estavam cimentadas”, disse o autarca, defendendo ser preciso saber, inicialmente, se as enxurradas são consequência da obra e, posteriormente, “se há um problema do projeto que precisa de ser reformulado para que a situação não se repita”.
Moreira referiu-se às obras de construção da nova Linha Rosa da Metro do Porto, que incluem as estações de São Bento, Hospital Santo António, Galiza e Casa da Música e cuja conclusão está prevista para o final de 2024.
Aos jornalistas, o autarca independente assegurou que a autarquia vai fornecer “os elementos que recolheu no local durante a ocorrência” ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), entidade a quem a Metro do Porto solicitou um estudo sobre as condições da empreitada da Linha Rosa na sequência da enxurrada.
Questionado sobre a previsão da conclusão do estudo, Rui Moreira disse não saber, mas acreditar que seja para breve.
“Não acredito que demore muito tempo, até porque é uma situação urgente”, garantiu.
O concelho do Porto registou, no sábado, em menos de duas horas, 150 pedidos de ajuda por causa das inundações em habitações e vias públicas, principalmente na baixa da cidade, disse à Lusa fonte da Proteção Civil local.
As enxurradas causaram também danos em algumas habitações na zona das Fontainhas.
O vice-presidente da Câmara Municipal, Filipe Araújo, destacou que a autarquia não estava preparada para o que se sucedeu na Rua Mouzinho da Silveira, perto da estação de São Bento e da Ribeira, e onde decorrem obras da Metro do Porto, considerando que as obras que estão a decorrer podem ter provocado alguma alteração.
À Lusa, o chefe da divisão de Previsão Meteorológica e Vigilância do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Nuno Lopes, disse na segunda-feira que “é muito pouco provável” que o sucedido no Porto no fim de semana volte a acontecer, sem descartar totalmente essa possibilidade.
“Que pode voltar a acontecer, pode. Que é provável, não. É muito pouco provável”, disse, por Skype, explicando que para o fenómeno de fortes chuvas e enxurradas suceder novamente, “para além das condições estarem todas reunidas, tem de ser exatamente naquele sítio”.
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