O Governo anunciou, numa mensagem publicada, no final da noite de terça-feira, na conta oficial na rede social Twitter, que decidiu acelerar a vacinação contra a covid-19 “a nível nacional”, e não apenas em Lisboa, como anunciara horas antes, alargando-a a maiores de 40 e 30 anos a partir de 06 e 20 de junho, respetivamente.

“Há provavelmente um recuo ou um aclaramento por parte do Governo, [mas] não é isso que me preocupa. Não é naturalmente aceitável que, na matéria da vacinação, e a vacinação é um assunto muito sério, estejam a criar critérios territoriais, quando eles antes não foram criados. Se entenderem criar, então já deviam ter criado, porque já houve situações, felizmente não no Porto, mas noutras terras e cidades do país, onde houve problemas, e não se percebeu que tivesse havido igual preocupação”, frisou o autarca.

Rui Moreira confirmou que o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, lhe telefonou na noite de terça-feira para explicar que a vacinação seria alargada a todo o país e não só em Lisboa, como foi noticiado.

“Ligou-me ontem à noite cerca das nove e meia da noite. Aquilo que o senhor secretário de Estado me disse é que aquilo tinha sido uma interpretação errónea da comunicação social. Fui ver aquilo que estava no ‘site’ do Governo e, neste caso, estou do lado da comunicação social. Se houve um equívoco, meu não foi, creio que não foi dos portugueses e não foi também da comunicação social”, declarou o autarca.

Falando aos jornalistas no fim de uma visita às obras do antigo matadouro municipal, o autarca frisou que o país “é uno e que os portugueses têm todos os mesmos direitos”.

Rui Moreira recordou as declarações de Lacerda Sales, quando afirmou que tem havido “contactos e negociações” com a Câmara de Lisboa sobre a vacinação, situação que lhe parece “razoável”.

“Comigo não falaram. Temos vindo a acompanhar o que se passa com a vacinação no Porto, mas não estamos satisfeitos. É inacreditável porque é que, tendo a Câmara do Porto, com o Hospital de São João, já com os pareceres dos ACES [Agrupamentos de Centros de Saúde] Ocidental e Oriental, definido que temos um ‘drive-thru’ e um ‘walk-thru’ preparado no Queimódromo [junto ao Parque da Cidade], tendo sabido que isso funcionou no caso dos testes e, portanto, funcionaria no caso das vacinas, continuamos a não ser ouvidos e continua a não haver connosco diálogo”, criticou o autarca.

“Também aí nós sentimos que há dois pesos e duas medidas: em Lisboa, e bem, repito, e bem, fala-se com a Câmara Municipal de Lisboa e aqui e noutros sítios ignora-se as posições das câmaras. (…) O que não pode ser é: relativamente a uma câmara o Governo e as entidades de saúde negoceiam, [e] a nós trata-nos da maneira que trata. Recordo aquilo que aconteceu quando anunciaram a cerca ao Porto, que por acaso tinha sido um engano, ninguém tinha falado comigo”, lembrou o autarca.

Rui Moreira entende que esta questão da vacinação é só mais um exemplo de que o Norte é tratado de maneira diferente de Lisboa, justificando que “o país é assim”.

“Nesta matéria, como noutras, o Norte é tratado de maneira diferente. O Norte e o resto do país são tratados de maneira diversa do que é a capital. Isso tem sido a minha luta há muitos anos, venho-o dizendo muitas vezes e temos aqui um caso de absoluta evidência. Repito: estas medidas que estão agora a ser flexibilizadas para Lisboa nunca foram flexibilizadas para outras zonas ou terras do país”, salientou Rui Moreira.

O autarca disse ainda “não se conformar com a questão do mapa às cores”, essencial para que se decida reverter as medidas de desconfinamento. Rui Moreira recordou que essa situação levou, no fim de semana, a que “terras e cidades” recuassem ou não avançassem no desconfinamento, e que Braga “estaria em risco de confinar”.

“Subitamente, como há um problema em Lisboa, mexe-se a linha vermelha. E [para] mexer a linha vermelha desta maneira, então que nos deem competências. Devo já dizer que, se a mim me derem competência, não vejo nenhuma razão para os restaurantes na cidade do Porto, por exemplo, terem de fechar às 22:30. Não compreendo. Fechar os restaurantes às 22:30 aumenta a concentração de fregueses dentro do restaurante e prejudica a atividade económica”, defendeu Rui Moreira.

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