"O SIRESP não funcionou, funcionou mal, e o que o Governo entendeu foi assumir ele a responsabilidade de gestão, ficando com 100% do capital. Vamos ver, no futuro, se teve uma boa decisão ou uma má decisão, mas teve, necessariamente, uma decisão arrojada em que assume a responsabilidade" pelo funcionamento deste sistema, disse Rui Rio, que falava aos jornalistas após uma reunião de trabalho na Câmara Municipal de Castanheira de Pera, um dos municípios mais afetados pelo grande incêndio de junho de 2017.

O líder social democrata referiu que não pode criticar a decisão do executivo liderado por António Costa, sendo agora "mais fácil dizer que, se o SIRESP não funcionar, a responsabilidade é do Governo".

"Nesse sentido, tem coragem e espero que as coisas funcionem", acrescentou.

Questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de consenso entre PSD e PS relativamente ao diploma que pretende expandir o projeto-piloto do cadastro simplificado ao resto do país, Rui Rio referiu que a postura do PSD é "uma postura de colaboração e não uma postura de combate político".

"Acima de tudo, temos que olhar para o interesse público", disse Rui Rio, sem esclarecer se já há um consenso nesta matéria.

Sobre o território afetado pelo grande incêndio de junho de 2017, o presidente do PSD referiu que é necessário avançar-se com medidas "que possam contrariar o excesso de concentração [demográfica] no litoral", seja através da atração de investimento, seja através da desconcentração de serviços públicos que poderiam ser colocados no interior do país.

"Tem de haver medidas discriminatórias para o interior e que também passam pela coragem, por um lado, da descentralização, e, por outro, pela desconcentração", vincou.

Questionado sobre se as medidas implementadas pelo memorando da ‘troika’ contribuíram para a desertificação do interior, Rui Rio concordou, salientando, porém, que o memorando, apesar de aplicado por um Governo PSD/CDS, foi assinado por um Governo PS.

"É lógico que, se tirarmos esses serviços públicos, dificultamos ainda mais o enraizamento das pessoas nesses locais", notou, considerando que é necessário "reverter aquilo que é possível reverter", apesar da base fundamental ser a criação de emprego.