O primeiro-ministro, António Costa, “diz que está aberto” a dialogar com os enfermeiros e “prepara-se para dar tudo e mais alguma coisa, digamos assim, tentando contentar os enfermeiros, e o ministro das Finanças [Mário Centeno], na mesma altura, em paralelo, diz que não há dinheiro para nada”, afirmou Rui Rio, que falava aos jornalistas à margem da sessão de encerramento da Academia Calvão da Silva, que decorreu em Coimbra entre sexta-feira e hoje.
“Se não há dinheiro para nada, o discurso do Primeiro-Ministro não encaixa”, sublinha.
Ou António Costa e Mário Centeno “não estão coordenados”, e “cada um diz a sua coisa, ou, então, se estão coordenados, se calhar ainda é pior porque estão a dizer coisas diferentes”, sustenta Rui Rio.
“O facto de haver disponibilidade para dialogar” é “altamente positivo, porque se não houver diálogo não saímos disto”, não se ultrapassa o conflito, mas “o Governo não pode ter duas palavras, digamos assim, perfeitamente contraditórias”, salienta o líder social-democrata, que não tem, por isso, “grandes expectativas” sobre a resolução do problema.
“Tanto quanto estou a perceber”, António Costa “ainda não cedeu” aos enfermeiros, ele “diz que vai ceder”, mas “depois há um ministro das Finanças que diz que ‘não senhor’, que não há dinheiro e como não há dinheiro não pode” satisfazer as reivindicações dos enfermeiros e de outros profissionais em greve.
Para Rui Rio, “a questão de fundo é que o Governo criou na sociedade portuguesa, e em parte continua” a criar a ideia de que “a economia está excelente, que nós estamos no país das maravilhas, que temos mais empregos, melhores salários, mais crescimento” e, “naturalmente, as pessoas e as classes profissionais que viram os seus salários esmagados durante anos” entendem que, “se está tudo bem, chegou a hora de repor alguma justiça”.
No discurso do Governo “há uma contradição enorme, que leva a criar expectativas, que depois obriga o ministro das Finanças a dizer que não é possível”, insiste Rui Rio.
O Governo deveria olhar para a economia no seu todo e “em razão do que é mais justo e é mais equilibrado”, ver o que é que “a economia permite, quer no imediato, quer no futuro”, conclui o presidente do PSD.
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