“O PSD, como o nome indica, é social-democrata. O partido não é de esquerda, nem de direita, nem é socialista, nem liberal e o partido também não é um albergue espanhol onde cabem cá todos, quanto mais melhor”, defendeu Rui Rio, na sessão de abertura da primeira Academia de Formação para as Mulheres Social-Democratas (MSD), em Lisboa.

Na sua intervenção, o líder do PSD procurou definir quais são os eixos que credibilizam os partidos, que diz estarem cada vez mais afastados da sociedade, apontando, entre estes, a clara definição ideológica, e defendendo que, se um partido pode querer os votos de todos os eleitores, não deve querer todos como militantes.

“Devem estar cá todos dentro os que se identificam com a ideologia social-democrata, que é uma coisa larga. Não temos de pensar todos da mesma maneira, longe disso. Mas não podemos aceitar tudo e o seu contrário”, defendeu.

Como militantes, o PSD deve “abrir as portas a todos os que querem, mas desde que se identifiquem com estas balizas, caso contrário não é também credibilizador para a opinião pública”, acrescentou Rui Rio.

A aposta na formação, no funcionamento mais transparente e na primazia ao interesse público foram outros dos eixos apontados pelo líder do PSD para credibilizar os partidos, responsabilizando, sobretudo, os 44 anos de democracia pelo desgaste daqueles.

“Não aponto o dedo a ninguém, aponto apenas o dedo ao tempo, porque o tempo desgasta tudo”, considerou.

Rui Rio aproveitou a presença do militante número 1 do partido, Francisco Pinto Balsemão, para recordar que, quando este liderou o PSD, ele próprio e Pedro Pinto – também presente na sessão de abertura – eram os representantes da JSD na sua Comissão Política.

“Ao longo de 44 anos, tudo na vida se desgasta”, reforçou, em tom de brincadeira.

Defendendo que credibilizar novamente os partidos é uma tarefa que “exige tempo”, o presidente do PSD incluiu a presença de mais mulheres na vida política com um dos fatores que pode ajudar nesse desígnio, pela competência.

“Neste momento, as MSD têm toda a utilidade. Espero, sinceramente, que daqui a dez anos já não sirvam para nada”, afirmou.

Antes, Pinto Balsemão, presidente da mesa do Conselho Geral do Instituto Francisco Sá Carneiro – um dos organizadores desta Academia, em parceria com a Fundação Konrad Adenauer -, referiu que o problema da igualdade de género não se resolve com mais leis.

“De leis estamos bem servidos, o problema é, sobretudo, de atitude por parte dos homens”, apontou.

Na presença da primeira mulher a liderar o PSD, Manuela Ferreira Leite, Balsemão definiu qual o papel da formação política no partido.

“Não é para formar ‘boys’, nem ‘girls’. É para suplantar eventuais desigualdades, é para melhor servirmos a democracia, a social-democracia, o país”, acrescentou Pinto Balsemão.

A presidente das MSD, Lina Lopes, anunciou que a próxima ação de formação desta estrutura informal (que quer ser consagrada nos estatutos do partido) vai arrancar no Dia da Mulher, em 08 de março do próximo ano, na Covilhã.