Em entrevista à Rádio Renascença, no dia em que deverá ser chumbada a apreciação parlamentar sobre a contagem do tempo de serviço dos professores, Rui Rio foi questionado quando seria possível reunir as condições para uma devolução total, se fosse primeiro-ministro.
O líder do PSD começou por apontar que tal dependeria do crescimento económico e, questionado se teria condições para o fazer numa legislatura caso o crescimento real se mantivesse na ordem dos 2%, Rio respondeu afirmativamente.
“Tinha, tinha, com essa taxa de crescimento tinha. Agora, tinha, mas não é tudo em dinheiro”, ressalvou, reiterando que a negociação com os professores poderia passar por devolver uma parte do tempo de serviço em reduções de horário ou antecipações de reforma.
Rui Rio admitiu não poder dizer se a recente crise política afetou o potencial crescimento do PSD nas sondagens ou se, pelo contrário, pode ter “consolidado ainda mais a imagem que [António Costa] tem de, com facilidade, fazer uns golpes”.
“Não lhe sei responder e acho que ninguém lhe sabe responder a isso”, afirmou.
Sobre a posição do seu partido neste processo, Rui Rio voltou a rejeitar qualquer recuo, dizendo que “a posição do PSD está clara desde a primeira hora”.
“Não podemos aprovar uma lei que não tenha qualquer travão financeiro, senão daqui por um ano, ou dois ou três ou quatro tínhamos um problema grave”, afirmou, reiterando que o PSD irá votar hoje contra o diploma de recuperação integral do tempo de serviço se forem chumbadas as cláusulas financeiras propostas pelos sociais-democratas.
Questionado se a posição do PSD teria ficado mais clara se fosse deputado, Rio salientou que, enquanto líder do partido, não teria de qualquer forma assento em qualquer comissão parlamentar, e voltou a explicar que os sociais-democratas votaram a favor “artigo a artigo” da recuperação do tempo e das suas cláusulas de salvaguarda.
“Os outros derrotaram o travão financeiro e é assim que as coisas vão para plenário e é hoje a votação final”, afirmou.
O presidente do PSD voltou a dizer que não é possível dizer com rigor quanto custaria a devolução integral, se for seguido o modelo que propõe e que passa pela negociação de outras variáveis.
“É possível, garanto que é possível, negociar com os sindicatos e oferecer qualquer coisa de simpático, de positivo para os professores, tudo em dinheiro não é possível”, referiu.
Questionado se a sua relação com António Costa saiu afetada deste processo, Rio respondeu negativamente.
“Da minha parte não sai, é uma relação de respeito e eu entendo o que é o combate político. Posso não concordar, posso fazer críticas duras como tenho feito, de falta de sentido de Estado, mas não temos de nos zangar todos, podemos manter a educação e o respeito”, afirmou, assegurando que se mantêm válidos os acordos assinados entre PSD e Governo, nomeadamente sobre fundos europeus.
O líder do PSD voltou a considerar “inadmissível do ponto de vista político” a ameaça de demissão do primeiro-ministro se hoje fosse aprovada a recuperação integral do tempo de serviço dos professores, que classificou como “um número de circo”.
“Cada vez que temos um interlocutor temos de perceber o perfil do interlocutor (…) Nós somos adversários, vamos ter eleições, eu nunca disse que fui eleito presidente do PSD para facilitar a vida ao PS. É lógico que tinha de acontecer a separação, não é separação, o confronto à medida que nos aproximamos das eleições”, referiu.
Rui Rio garantiu que, se fosse primeiro-ministro, “nunca teria feito” o que António Costa fez “por uma questão de dimensão do Estado”.
“Mas eu também nunca na vida conseguiria uma manipulação total dos comentadores, da comunicação social”, acrescentou.
Questionado se o confronto com o PS se pode esbater após as eleições, Rio considerou que são “o sentido de Estado e de responsabilidade” que determinarão as suas decisões.
“Não posso afetar as minhas decisões em função de simpatizar mais ou menos com a pessoa A ou B”, defendeu.
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