“Foi a primeira pessoa a quem, como presidente da Câmara do Porto, entreguei a chave da cidade, que era uma distinção que eu só conferia às pessoas que projetavam a cidade no mundo. Além da Agustina, só entreguei essa distinção a mais duas pessoas, que foram Siza Vieira e o papa Bento XVI”, afirmou.

Rui Rio disse que ainda na segunda-feira releu uma carta que Agustina lhe havia escrito em 2006, que foi uma época em “era muito criticado”.

“Ela teve palavras muito simpáticas e palavras de incentivo que até me admiraram”, declarou, acrescentando que “não fica indiferente à política”.

Recordou alguns livros que a escritora lhe ofereceu, o último dos quais com o título “Sebastião José”, considerando que a obra que deixa e a memória dela “não desaparecerão”.

Rui Rio cruzou-se com Pedro Passos Coelho nas cerimónias fúnebres da escritora.

Agustina Bessa-Luís nasceu em 15 de outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, e encontrava-se afastada da vida pública, por razões de saúde, há cerca de duas décadas.

O nome de Agustina Bessa-Luís saltou para a ribalta literária em 1954, com a publicação do romance “A Sibila”, que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz, que constam de uma lista de galardões que inclui igualmente o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, em 1983, pela obra "Os Meninos de Ouro", e que voltou a receber em 2001, com "O Princípio da Incerteza I - Joia de Família".

A escritora foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015.