Segundo fonte oficial do PSD, a intervenção de Rui Rio será “completamente virada para a plateia” que terá no domingo, os alunos da Universidade de Verão - embora tal não exclua que possa abordar temas de atualidade -, e deverá ser um pouco mais longo que os 30 minutos que discursou no passado sábado, no Algarve.

A Universidade de Verão é uma iniciativa de formação de jovens quadros criada em 2003 e tem este ano 81 alunos, entre os 16 e os 30 anos, um terço dos quais do sexo feminino e integrando seis candidatos dos PALOP, três de Cabo Verde e três da Guiné Bissau.

No primeiro discurso que fez depois das férias, há uma semana, na Festa do Pontal, Rio fez um ataque duro aos críticos internos, a quem avisou que irá cumprir o seu mandato “até ao último minuto”.

“O PSD pode ganhar as eleições. Tem é de querer (…) Não posso aceitar que haja quem, dentro do PSD, esteja permanentemente, através das críticas internas, a proteger e a tentar salvar o PS”, afirmou então, acusando alguns críticos internos de apenas pensarem nos seus “lugarzinhos”.

No Algarve, o líder social-democrata considerou que o tempo corre a favor do partido e contra o PS, porque “as pessoas vão descobrindo os defeitos da governação”, centrando as críticas ao Governo nas deficiências na saúde, dos serviços públicos e até na estratégia das políticas económicas.

A meio da semana, Luís Montenegro, que já admitiu vir a disputar a liderança do PSD, afirmou na TSF que “não foram palavras felizes” as de Rio e que preferia tê-lo ouvido a falar do “grande adversário que é o PS e o seu líder, o dr. António Costa”.

Na Universidade de Verão do PSD, que decorre desde segunda-feira, o líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, também fez um apelo interno para que “o partido fale a uma só voz”, enquanto o vice-presidente do PSD Nuno Morais Sarmento relativizou as críticas internas.

“Não há um único líder do PSD - não acho que isto seja bom de se dizer, mas é a verdade – que não tenha andado a desgastar e a fazer sofrer o líder ou líderes anteriores para ele próprio ser líder do PSD”, afirmou o antigo ministro de Durão Barroso.

Rui Rio não é um ‘estreante’ em Castelo de Vide, tendo participado nas edições de 2005 e 2009, quando era presidente da Câmara Municipal do Porto, na qualidade de orador convidado dos jantares-conferência.

Se em 2009 a sua intervenção foi quase exclusivamente dedicada à Câmara do Porto – a que presidiu entre 2001 e 2011 -, em 2005 exprimiu muitas das preocupações que 13 anos depois tem repetido: a preocupação com a qualidade dos partidos e do regime, a necessidade de pactos na justiça, as críticas à forma como a comunicação social desempenha o seu papel e à “política-espetáculo”.

A defesa do défice zero e de mandatos de cinco anos para todos os cargos (Presidente da República, Assembleia da República, Governo e autarquias) eram ideias também já defendidas em 2005 pelo presidente do PSD, que preconizava então uma reforma da lei eleitoral autárquica que permitisse executivos monocolores.

Em nenhuma das ocasiões foi questionado sobre o seu futuro político, nem sobre a ambição de se candidatar a líder do PSD ou à Presidência da República.

Se em 2009 veio do Porto a Castelo de Vide – “e viria mais longe” para participar na Universidade de Verão do PSD -, este ano Rio terá de percorrer menos quilómetros, uma vez que durante o dia de hoje tem agenda em Castanheira de Pera e Castelo Branco.

No inquérito que todos os oradores da Universidade têm de preencher com os seus gostos pessoais, Rio manteve nas três edições a lampreia como comida preferida e o cavalo como o seu animal de eleição.

Aos alunos, o presidente do PSD recomendou o filme “O Nome da Rosa”, uma história de crime e mistério passada num mosteiro italiano do século XIV baseada no romance homónimo de Umberto Eco, e um dos últimos livros que leu: “1808”, de Laurentino Gomes, que descreve como “um interessante relato da fuga da corte portuguesa para o Brasil”. Nas qualidades que mais aprecia, o presidente do PSD apontou a amizade.

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