“É a saúde da democracia que está em causa, temos de fazer alguma coisa e a Justiça também tem o seu papel”, afirmou Rui Rio, após ser questionado sobre a investigação judicial que decorre a alegadas suspeitas de corrupção partidária, envolvendo o pagamento de quotas por atacado no PSD, hoje noticiada pelo Correio da Manhã.

Para Rui Rio, que falava na sede do PSD, em Lisboa, “o que seria particularmente mau é, havendo isso, que não fosse devidamente investigado e depois, caso se verifique, julgado”.

“Acho muitíssimo bem que o façam, acho muitíssimo mal que não o façam, agora gostaria que fosse feito com mais recato, nos tribunais, e não tanto em julgamentos na praça pública”, acrescentou.

Rui Rio frisou que o pagamento de quotas de militantes por atacado “não é de agora” e que já tinha identificado e criticado situações daquelas nos partidos em geral e no PSD em particular “há vinte e tal anos”, quando foi secretário-geral social-democrata, altura em que as criticou, “com pouco apoio interno”.

“Desde logo o pagamento de quotas por atacado onde se movem milhares e milhares de euros. Não pode ganhar as eleições quem tem mais dinheiro, independentemente da forma como esse dinheiro possa ser angariado. Naturalmente que me preocupa, mas não constitui uma novidade”, disse.

“Sempre fui sempre muito crítico da forma como os partidos evoluíram, como os partidos funcionam, e particularmente da forma como o PSD foi evoluindo”, assinalou, dizendo que a “transparência” no funcionamento dos partidos é uma questão essencial do seu mandato.

Questionado sobre se também já tinha identificado situações de corrupção partidária envolvendo “sacos azuis” para financiamentos nos partidos, Rui Rio respondeu: “sei lá, ouvi falar, ouvi falar”.

Hoje, como presidente do PSD, Rui Rio disse que está a fazer “um esforço no sentido de alterar regulamentos” internos sobre a forma de pagamento das quotas e adiantou que “há mais regulamentos” em preparação e que “vão sair no Conselho Nacional”.

“É tão importante quase como tratar das finanças públicas, é tratar da saúde da democracia, o partido e a secretaria-geral está empenhada nisso”, disse.

O Correio da Manhã escreve hoje que o deputado social-democrata Sérgio Azevedo está sob investigação, referindo suspeitas de envolvimento num “saco azul” usado para pagar quotas de militantes nas anteriores eleições internas no PSD.

Questionado sobre se considera que o deputado e conselheiro nacional deveria ser “afastado”, Rui Rio disse que “para já não”. Contudo, se “houver uma sentença transitada em julgado”, os regulamentos internos já alterados “vão no sentido do sim”.

“Não há aqui justicialismo. Há as instituições próprias, os tribunais. A seu tempo se vê, não somos nós que vamos julgar isso”, frisando que não se pronuncia sobre “casos específicos”.

No passado dia 27, inspetores da Polícia Judiciária realizaram buscas em todo o país, em autarquias, sociedades e instalações partidárias, incluindo na sede nacional do PSD.