“A atual cooperação estreita entre o regime de Kiev e a NATO, mesmo sem o registo oficial de adesão à organização, não nos aproxima da paz, mas adia a resolução da crise”, afirmou o diplomata Alexei Polishchuk.
O diretor dos assuntos da Ucrânia, Bielorrússia e Moldova no Ministério dos Negócios Estrangeiros reafirmou, em entrevista à agência russa TASS, que a Ucrânia está a ser instrumentalizada pelo Ocidente.
“Infelizmente, o objetivo do Ocidente não é a segurança da Ucrânia, mas a sua utilização como instrumento de luta contra a Rússia”, disse.
Moscovo tem acusado o Ocidente de travar uma “guerra por procuração” contra a Rússia através da Ucrânia.
O atual conflito armado entre os dois países vizinhos começou em 24 de fevereiro de 2022, quando a Rússia invadiu a Ucrânia para a “desmilitarizar e desnazificar”.
A NATO e outros aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armamento a Kiev para combater a invasão russa.
Polishchuk disse à TASS que se o Ocidente se preocupasse com a segurança de Kiev, os Estados Unidos da América (EUA) e a NATO insistiriam num estatuto neutro para a Ucrânia, em vez de ignorarem os interesses de Moscovo.
“Desde os anos 90, temos contrariado o avanço irrefletido deste bloco militar agressivo [NATO] para as nossas fronteiras, temos avisado que a segurança de alguns países não pode ser garantida à custa da segurança de outros”, afirmou.
Segundo Polishchuk, Moscovo propôs várias opções para resolver o problema, “incluindo a criação de um espaço euro-atlântico e euro-asiático único e indivisível em termos de segurança”.
Referiu que a última proposta de Moscovo foi a apresentação de projetos de acordos sobre garantias de segurança com os EUA e a NATO, mas “a iniciativa foi ignorada”.
Desde então, “a Finlândia tornou-se membro da NATO e a Suécia está a caminho”, sendo que “se fala em aceitar a Ucrânia, que recebeu essa promessa em 2007”, referiu.
“Infelizmente, o Ocidente continua a seguir o caminho da confrontação, desmantelando o sistema de controlo de armas existente e destruindo os restos da arquitetura de segurança europeia”, acrescentou.
A NATO (sigla inglesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte) foi fundada em 1949 por 12 países, incluindo Portugal, como uma aliança militar de defesa contra a União Soviética, no quadro da Guerra Fria.
Em reação, Moscovo criou o Pacto de Varsóvia em 1955.
Com a dissolução da União Soviética e do Pacto de Varsóvia em 1991, a NATO foi-se alargando a leste, integrando vários países do bloco soviético.
A Rússia considera que o alargamento da NATO põe em causa a segurança do país.
Antes da invasão de há quase 16 meses, Moscovo exigiu que a NATO garantisse que Ucrânia e Geórgia nunca se tornariam membros da aliança.
Exigiu também o recuo da NATO para posições anteriores a 1997, antes do alargamento a leste.
A Aliança Atlântica recusou ambas as exigências.
Na sequência da guerra, Ucrânia, Finlândia e Suécia formalizaram candidaturas de adesão à NATO, que tem atualamente 31 membros.
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