“O pacote atual terá o mesmo efeito dos anteriores: um agravamento dos problemas sociais e económicos na própria União Europeia”, disse María Zakharova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, em comunicado.

A diplomacia russa alega que a UE “não consegue sair deste círculo vicioso”, lembrando a “futilidade” da política antirrussa, e avisando que os 27 países vão deparar-se com um “défice energético sem precedentes”.

“As consequências dolorosas da política antirrussa da UE vão aumentar, e não sem a colaboração dos EUA, que participa como o principal beneficiário da crise de segurança no continente europeu e do colapso das relações económicas e comerciais entre a UE e a Rússia”, explicou Zakharova, no comunicado.

Para a diplomacia russa, as sanções aplicadas a Moscovo causarão “danos significativos” aos países em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, que não podem competir por recursos com os países ocidentais.

Por isso, o Governo russo apela de novo à UE para levantar todas as restrições que afetam o fornecimento de cereais, alimentos e fertilizantes ao mercado mundial.

Zakharova aproveitou ainda para atacar a suspensão das licenças de quatro canais de televisão russos – NTV/NTV Mir, Rossiya 1, REN TV e Channel 1 — argumentando que essa medida visa censurar meios de comunicação “incómodos” e que atenta contra a liberdade de expressão.

Na sexta-feira, a UE adotou formalmente o nono pacote de sanções à Rússia pela agressão militar à Ucrânia, que inclui medidas para dificultar o acesso das forças russas a ‘drones’ e desbloquear a exportação de fertilizantes.

Este pacote fora aprovado na quinta-feira à noite pelo Conselho da UE, ao nível de embaixadores dos 27, reunidos em paralelo à cimeira de chefes de Estado e de Governo celebrada também na quinta-feira em Bruxelas, e na qual foi aprovada a ajuda macrofinanceira à Ucrânia para 2023, num montante global de 18 mil milhões de euros.

Este nono pacote de sanções acrescenta à lista de visado mais 200 indivíduos e entidades, incluindo as Forças Armadas, assim como empresas de Defesa ligadas ao Kremlin (Presidência russa), membros do parlamento russo e do Conselho da Federação, ministros, governadores e partidos políticos.

Um total de 1.241 indivíduos e 118 entidades estão abrangidos na lista de sanções da UE, que abrangem congelamento de bens e proibição de viajar.