O plano tem como objetivo estender o cessar-fogo implementado em Alepo a todo o território sírio, mas sem a participação dos "grupos terroristas", revelou a agência turca Anadolu aquando do anúncio do acordo entre Rússia e Turquia.
Neste sentido, as organizações políticas curdas: PYD, Partido da União Democrática e as Unidades de Proteção do Povo, que combatem os extremistas do Estado Islâmico, no norte da Síria, podem ser excluídos das negociações por serem apontados como terroristas pelo governo de Ancara.
O acordo deverá servir de base para as negociações políticas entre o regime sírio, de Bashar al-Assad, e a oposição rebelde. Uma conversação que Moscovo e Ancara querem iniciar em Astana, capital do Cazaquistão.
O plano acordado entre Turquia e Rússia deverá entrar em vigor esta quarta-feira à meia-noite, sublinhou ainda a agência, sem revelar mais detalhes.
A Anadolu não informa nem onde, nem de que modo o plano foi negociado, mas sabe-se que nas últimas semanas decorreram reuniões entre Turquia, Rússia e representantes da oposição síria em Ancara.
Desde o início da guerra na Síria, que turcos e russos manifestavam posições contrárias - o regime de Moscovo apoia o Governo sírio, e o regime turco a oposição a Bashar al-Assad -, mas nos últimos meses, superada a crise provocada depois de um caça russo ter sido abatido pela Turquia na fronteira sírio-turca, os dois países começaram a trabalhar lado a lado.
Resultado disso foi o silêncio da Turquia durante a ofensiva das tropas sírias, apoiadas pela aviação russa, contra o os rebeldes, que estavam fixados na zona leste de Alepo, e que permitiu ao regime conquistar a totalidade da segunda maior cidade do país.
Erdogan: "Genebra não deu em nada"
Ainda não há data para a reunião de Astana, mas Maria Zakharova, porta-voz do ministério russo das Relações Exteriores, disse que o encontro está a ser negociado e que, de qualquer modo, não substitui as negociações de Genebra, que terão efeitos práticos no início do mês de fevereiro.
Os acordos precedentes de cessar-fogo na Síria, negociados pela Rússia e Estados Unidos da América, não foram consolidados.
Até ao momento não há informações sobre se o acordo alberga o grupo Fateh al-Sham (ex-Frente Al-Nusra, braço da Al-Qaeda na Síria).
Na terça-feira, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan criticou a política do ocidente para a Síria, caracterizada, segundo ele, por promessas não cumpridas.
Erdogan também acusou os países ocidentais de apoiar não apenas as milícias curdas sírias, que Ancara considera terroristas, mas também o autoproclamado Estado Islâmico (EI).
A Turquia considera que as milícias curdas ativas na Síria e Iraque, apoiadas pelos Estados Unidos no combate contra o EI, são "grupos terroristas" ligados ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
O presidente turco confirmou ainda a reunião de Astana e criticou as negociações de Genebra.
"Lamentavelmente, Genebra não deu em nada. Quantas reuniões aconteceram? Não foi alcançado nenhum", disse Erdogan.
Só esta quarta-feira, 22 civis, incluindo 10 crianças, morreram na sequência de ataques aéreos contra uma cidade sob poder do Estado Islâmico (EI) na região leste da Síria, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Desde 2011, a guerra na Síria já provocou a morte de mais de 310.000 pessoas.
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