Listando as “medidas de retaliação” decididas por Moscovo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia refere, em comunicado, o “encerramento do escritório local” da Deutsche Welle, a “retirada das credenciais a todos os funcionários” deste escritório e a “interrupção das transmissões” no território russo.

Este encerramento é o primeiro de um grande meio de comunicação social ocidental na história pós-soviética da Rússia e ocorre no contexto de uma crise entre Moscovo e o Ocidente sobre a Ucrânia, que receia uma invasão russa.

O ministério russo anunciou ainda o lançamento de um procedimento destinado a classificar a Deutsche Welle como um “agente estrangeiro”, o que compromete o seu funcionamento no país e que tem sido aplicado a vários órgãos de comunicação social críticos do poder na Rússia.

Estão também previstas sanções contra “representantes do Estado alemão e estruturas públicas envolvidas na proibição da transmissão do RT”, refere o comunicado.

Segundo o ministério, estas medidas constituem a “primeira etapa” do processo de retaliação de Moscovo, que promete outra resposta “no devido tempo”.

As sanções surgem na sequência da decisão do regulador alemão ZAK de proibir a transmissão na Alemanha do canal RT na internet e em aplicações de telemóvel (a transmissão via satélite já tinha sido interrompida em dezembro), dado que, explica o ZAK, a “autorização necessária” não foi “nem solicitada nem concedida”.

O RT tem sede em Moscovo e possui uma licença sérvia para transmissão por cabo e satélite, o que, segundo o canal, permite a sua transmissão na Alemanha, de acordo com a lei europeia.

O regulador alemão considera, no entanto, que a licença sérvia é insuficiente, porque o RT DE (versão em língua alemã do canal russo) é produzido por uma empresa sediada em Berlim, visando “uma audiência alemã”.

A Presidência russa condenou hoje a decisão do regulador alemão, considerando-a um “ataque à liberdade de expressão”, e anunciou represálias.

Inaugurado em 2005, o canal russo, financiado pelo Estado, conta atualmente com canais e ‘sites’ em várias línguas, incluindo inglês, francês, espanhol, alemão e árabe.

Considerado internacionalmente como uma ferramenta de propaganda do Kremlin, o RT já foi alvo de polémicas em vários países, incluindo nos Estados Unidos, onde teve de se registar como um “agente estrangeiro”.

No Reino Unido, as autoridades ameaçaram retirar a licença de emissão, e noutros países chegou mesmo a ser proibido, como na Lituânia e na Letónia.