“Não foi feito nenhum ataque em Kiev. Todos os danos na cidade relatados pelo regime de Kiev são consequência da queda de mísseis antiaéreos estrangeiros e ucranianos, instalados em áreas residenciais da capital ucraniana”, afirmou o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov.

A Ucrânia acusou na quarta-feira Moscovo de ter lançado mísseis contra Kiev, matando três pessoas, ferindo outras seis e danificando infraestruturas que levaram a novas falhas de energia em várias cidades.

As autoridades locais de várias regiões da Ucrânia reportaram ataques múltiplos, sugerindo uma vaga concertada por parte das forças russas, que visaram sobretudo infraestruturas críticas, nomeadamente energéticas, mas também prédios de habitação.

O presidente da câmara de Kiev, Vitali Klitschko, disse que “uma das instalações de infraestruturas da capital foi atingida” e que houve “várias outras explosões em diferentes distritos” da cidade, que também interromperam o abastecimento de água.

Foram registadas falhas de energia em diversas partes de Kiev, em Kharkiv, em Lviv, e na região sul de Odessa.

O ataque aconteceu horas depois de as autoridades ucranianas terem reportado o lançamento de um ‘rocket’ durante a noite, que destruiu uma maternidade num hospital no sul da Ucrânia, matando um bebé de dois dias.

A situação foi ainda mais grave na cidade de Kherson (sul) – da qual a Rússia se retirou há quase duas semanas após meses de ocupação — onde houve cortes de linhas de energia e de água.

Muitos médicos da cidade tiveram de trabalhar sem luz, impossibilitados de usar elevadores para transportar pacientes para cirurgias e a operar com faróis, luzes de telemóveis e lanternas.

Segundo a operadora ucraniana Energoatom, os ataques obrigaram a desligar três centrais nucleares ucranianas da rede elétrica – que, entretanto, já voltaram a funcionar -, provocando graves falhas de energia.

A Rússia tem vindo a atacar a rede elétrica e outras instalações essenciais em solo ucraniano com mísseis e ‘drones’ (aparelhos aéreos não tripulados) há várias semanas, aparentemente com o objetivo de transformar o frio e a escuridão do inverno numa arma contra a Ucrânia.

A guerra na Ucrânia, desencadeada pela ofensiva militar russa iniciada em 24 de fevereiro, mergulhou a Europa na crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Segundo a ONU, o conflito gerou mais de seis milhões de deslocados internos (pessoas que foram obrigadas a fugir do local habitual de residência, mas que permaneceram no país).

Também provocou mais de 7,8 milhões de refugiados, que se encontram maioritariamente em países europeus.