Sánchez fez o juramento do cargo prometendo “cumprir fielmente com as obrigações” de primeiro-ministro, “com lealdade ao Rei”, e respeitar e fazer respeitar a Constituição, assim como manter “o segredo das deliberações do conselho de ministros e de ministras”.

O líder dos socialistas espanhóis acrescentou a palavra “ministras” à fórmula escrita definida para jurar o cargo.

Pedro Sánchez foi reeleito na quinta-feira pelo parlamento de Espanha com uma maioria absoluta de 179 votos a favor dos 350 deputados espanhóis.

O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), que foi o segundo mais votado nas eleições de 23 de julho, vai governar em coligação com o Somar, uma plataforma de formações de esquerda liderada pela atual ministra do Trabalho, Yolanda Díaz.

PSOE e Somar não têm maioria absoluta no parlamento e o novo governo foi viabilizado por mais seis partidos, numa ‘geringonça’ de formações de esquerda e direita, regionalistas, nacionalistas e independentistas das Canárias, Catalunha, Galiza e País Basco.

Esta foi a terceira vez que Sánchez tomou posse como primeiro-ministro, depois da estreia em julho de 2018 e da recondução de janeiro de 2020.

Na legislatura anterior, Sánchez já liderou um governo minoritário de coligação do PSOE com a plataforma Unidas Podemos (a que agora sucedeu o Somar), que foi também viabilizado no parlamento por partidos nacionalistas e independentistas da Catalunha, Galiza e País Basco.

No entanto, esse bloco da legislatura anterior era este ano insuficiente e o PSOE negociou também o apoio do partido Juntos pela Catalunha (JxCat), do ex presidente regional Carles Puigdemont, protagonista da declaração unilateral de independência da Catalunha de 2017 e que vive fora de Espanha desde esse ano para fugir à justiça.

Sánchez assumiu esta semana, no parlamento, no debate da sua reeleição, as “extraordinárias diferenças” com o partido de Puigdemont, com quem negociou uma amnistia para separatistas catalães, e como foi difícil o processo para garantir os apoios para a nova legislatura.

A amnistia está a ser contestada pelos partidos de direita, em manifestações nas ruas e por diversos setores, incluindo juízes e procuradores, com alertas de que pode pôr em causa o princípio da separação de poderes no estado de direito.

Nos próximos dias, Sánchez apresentará também a composição do seu novo governo.

A maior expectativa é saber se o partido Podemos, agora integrado na plataforma Somar e que tem cinco deputados, continuará a ter ministros.

O Podemos, fundado por Pablo Iglesias, é um dos partidos que em 2015 acabou com o bipartidarismo do PSOE e do Partido Popular (PP, direita) em Espanha, quando elegeu 42 deputados e chegou a rivalizar com os socialistas no tamanho da bancada parlamentar.

Depois da passagem pelo Governo na última legislatura, o Podemos acabou absorvido pelo Somar, de Yolanda Díaz, que vem da Esquerda Unida (ex-partido comunista).

A líder do Podemos e ministra dos Direitos Sociais na última legislatura, Ione Belarra, fez várias críticas ao PSOE e a Sánchez nos últimos dias, a quem disse ainda estar a tempo de corrigir “o enorme erro” que é “o veto” ao partido, e confessou que não fala com Yolanda Díaz desde julho.

Pablo Iglesias, que não ocupa hoje cargos no Podemos, mas é considerado o mentor do partido, já deu por certa a rutura com o Somar.

Sánchez foi eleito com 179 votos a favor, 171 contra e nenhuma abstenção, pelo que todos os votos contarão nas votações parlamentares desta legislatura.