Pedro Sánchez, que também é o atual primeiro-ministro em funções, apelou numa conferência de imprensa, mais uma vez, à “responsabilidade” e “generosidade” de todas as forças políticas no sentido de não bloquearem o acordo de um Governo de coligação com o Unidas Podemos (extrema-esquerda).
Sánchez pediu aos partidos que se opõem a este acordo “histórico” que expliquem a alternativa de governo que propõem.
O partido independentista catalão ERC, cuja abstenção é essencial para a investidura do próximo Governo em Espanha, recusou hoje apoiar essa solução enquanto o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) resistir a “abandonar a via repressiva” na Catalunha.
Os líderes parlamentares do PSOE, Adriana Lastra, e da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), que se reuniram esta manhã no parlamento, manifestaram, no entanto, a sua intenção de se voltarem a encontrar nos próximos dias.
Questionado sobre a posição inicial da ERC de recusar a sua investidura, Sánchez perguntou “que alternativa” propõem as forças que negam o seu apoio ao único Governo possível formado pelas duas únicas forças em Espanha que querem superar a crise catalã através do diálogo.
“O Governo será sempre a favor de encontrar uma solução política para a crise territorial que, infelizmente, vivemos há vários anos na Catalunha”, insistiu o chefe do Governo em funções.
A direção do grupo parlamentar socialista iniciou na quarta-feira contactos com outras forças políticas para tentar encontrar apoios para a investidura de Pedro Sánchez como primeiro-ministro de um Governo de coligação com o Unidas Podemos.
A abstenção da ERC, com 13 assentos parlamentares, é considerada essencial para que a investidura seja bem-sucedida numa segunda votação parlamentar em que apenas seja necessária a maioria simples dos deputados.
PSOE e Unidas Podemos somam 155 deputados num total de 350 e o novo primeiro-ministro, para ser investido à primeira volta, necessita do apoio de metade, 175, o que é considerado praticamente impossível de alcançar.
Os socialistas estão a apostar na votação numa segunda volta, quando apenas necessitarem da maioria simples dos parlamentares.
Em comunicado de imprensa, a ERC insiste na necessidade de se obter “a resolução política do conflito [com o Estado espanhol] através de uma mesa de negociação” e constata que, sem essa garantia, “não poderá haver em qualquer caso uma revisão da posição” deste partido.
Para além desta “mesa de negociação”, o movimento separatista também pretende que se discuta qualquer tema, como o do direito à autodeterminação.
Os líderes do PSOE e do Unidas Podemos, Pedro Sánchez e Pablo Iglesias, assinaram na terça-feira, em Madrid, um pré-acordo para a formação de um Governo de coligação “progressista”.
Os dois líderes afirmaram que irão de seguida tentar obter o apoio de outros partidos no parlamento para conseguirem uma maioria parlamentar que garanta a investidura do futuro executivo.
O PSOE ganhou as eleições legislativas de domingo, mas longe da maioria absoluta e com um número de deputados inferior ao da consulta anterior, em 28 de abril último.
Na consulta eleitoral de 10 de novembro, o PSOE teve 28,0% dos votos (120 deputados), seguidos pelo PP (direita) com 20,8% (89), o Vox (extrema-direita) com 15,1% (52), o Unidas Podemos com 12,8% (35), e o Cidadãos (direita liberal) com 6,8% (10), ERC com 3,6 (13), com os restantes votos divididos por outros partidos regionais.
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