No entanto, o candidato considerou que nunca cometeu erros em matéria de política interna e política externa que justifiquem qualquer pedido de desculpas.

“Aqueles que dizem que não tirei lições do que aconteceu em 2004 estão enganados, aos que acham que seria conveniente pedir desculpas por algumas situações, peço desculpas”, afirmou, na intervenção de encerramento da Convenção Nacional da sua candidatura, que decorreu hoje em Lisboa.

Em seguida, Santana Lopes elencou uma série de episódios que ocorreram durante o tempo em que foi primeiro-ministro.

“Peço desculpa por uma careta de um ministro na cerimónia de tomada de posse [Paulo Portas], peço desculpa por uma dirigente não ter ficado numa secretaria de Estado e ficado noutra [Teresa Caeiro], peço desculpa não sei bem porquê, porque ninguém teve a hombridade de me dizer”, afirmou.

Santana disse ainda que até pode pedir desculpa por se ter sentido indisposto na cerimónia de tomada de posse ou por ter feito um discurso sobre um bebé na incubadora, um dos últimos que fez antes da dissolução do parlamento pelo então Presidente da República Jorge Sampaio

“Por nunca ter cometido um erro em decisões de política interna e externa, isso já não peço desculpa porque isso era o meu dever, dar o melhor por Portugal”, afirmou.

Num discurso de pouco mais de 30 minutos, que encerrou a Convenção que se prolongou por cinco horas, Santana fez também duros ataques ao Governo socialista, apoiado à esquerda, e desafiou desde já o primeiro-ministro, António Costa, para um debate a seguir ao Congresso do PSD, que decorre entre 16 e 18 de fevereiro em Lisboa.

Dizendo estar “cada vez mais convencido” da vitória sobre o seu adversário, Rui Rio, nas diretas de 13 de janeiro, Santana Lopes dedicou boa parte do discurso aos críticos internos.

“Não é igual escolhermos para líder do partido alguém que sabe estar presente quando o partido precisa ou que nunca está a fazer campanha com adversários políticos ou quem, em nome da dignidade pessoal, não teve rebuço nenhum em pôr-se ao lado de quem combate o partido. Não é a mesma coisa”, defendeu.

Santana acusou ainda, implicitamente, Rui Rio de ter “uma posição equívoca” sobre o Governo do PS e, salientando que o país “precisa muito” de acordos de regime em áreas como a Segurança Social ou as obras públicas, defendeu que estes não poderão ser feitos na reta final da legislatura.

“Alguém acredita que a um ano e meio de eleições fosse agora a altura para irmos celebrar um acordo de boa fé da parte do Governo com a oposição?”, questionou.

O candidato defendeu que “agora é o tempo de construir uma alternativa” ao executivo de esquerda, projeto para o qual disse querer mobilizar “socialistas descontentes, liberais independentes e até democratas-cristãos que não têm partido”.

Dizendo ter orgulho “em todos os presidentes do PSD”, Santana Lopes considerou ter a capacidade de unir o partido depois de 13 de janeiro, mas prometeu que durante a última semana de campanha e os próximos debates irá continuar a dizer “as verdades que têm de ser ditas”.

Santana Lopes deixou ainda elogios ao ainda presidente do partido, Pedro Passos Coelho, considerando que “não pôde fazer mais” enquanto primeiro-ministro porque teve de salvar o país da bancarrota.

“Se Pedro Passos Coelho tivesse sido candidato, eu não estaria aqui, ao contrário do meu adversário”, assegurou.

Antes da intervenção final do candidato, foram dois os oradores que até trocaram o nome de Pedro Santana Lopes por Pedro Passos Coelho, casos do presidente da Comissão de Honra, Rui Machete, e de um dos coordenadores da moção, João Marques de Almeida.

Jorge Sampaio foi o alvo de outras intervenções, como a do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Martins da Cruz.

“Não o deixaram terminar, como o presidente Sampaio fez para pôr lá o senhor Sócrates. [Santana Lopes] não teve tempo de provar que era o primeiro-ministro que Portugal necessitava naquela altura”, lamentou.

[Notícia atualizada às 22:32]

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