Esta ideia foi defendida pelo ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa na sessão de lançamento da sua candidatura à liderança dos sociais-democratas, que juntou cerca de mil pessoas em Santarém.

Pedro Santana Lopes afirmou que sempre defendeu que o Conselho Nacional do partido marcasse as diretas para a escolha do sucessor de Pedro Passos Coelho para "um período mais à frente" e não logo para o início de dezembro, porque "os militantes têm de votar com fundamento".

"Não faço desafios a ninguém, mas gostaria que as distritais do partido e as organizações regionais, organizassem cada uma um debate", sustentou o antigo primeiro-ministro entre 2004 e 2005.

No seu discurso, o ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa traçou várias linhas de demarcação face a Rui Rio, considerando que um candidato à liderança do PSD tem de falar sobre os idosos, os cuidados continuados e a dependência física.

"Esse será tema principal da nossa agenda política", prometeu, antes de destacar a importância do debate sobre a coesão territorial.

Pedro Santana Lopes, de 61 anos, também criticou o antigo presidente da Câmara do Porto por, numa recente entrevista, ter dado a entender que era mais novo do que ele, quando a diferença de idade "é de um ano apenas ou nem isso".

"Compreendo e não levo a mal, mas a generalidade dos líderes europeus tem a mesma idade, e alguns até são mais velhos do que eu. Sei que o Presidente [da República] de França, Macron, é um caso diferente, tem 38 anos, mas tem com uma idade mais avançada alguém que esteja sempre ao seu lado", disse, provocando risos na plateia.

Ou seja, segundo o candidato a líder do PSD, "não faz sentido usar determinado tipo de argumentos", até porque, pela sua parte, quer um partido "intergeracional".

"Quero trazer as gerações mais novas e fazer delas a base do trabalho que quero realizar", assegurou, recebendo nova prolongada salva de palmas.

Mas Santana Lopes respondeu igualmente às correntes que desvalorizam quem já perdeu eleições e que colocam em causa a sua escolha em virtude do seu passado político.

"O meu nome é Pedro Santana Lopes, pai de cinco filhos, avô de quatro netos, divorciado mas bem com a sua vida pessoal, assumo tudo o que fiz até hoje. Julgo que todos devemos assumir na vida as horas melhores e as menos boas, as vitórias e derrotas", declarou.

Santana Lopes deixou ainda mais um recado: "Mal daqueles que pensam que uma vez derrotados na vida mais nenhuma oportunidade se deve ter, porque isso é pôr de lado os princípios do humanismo, do personalismo e do respeito pela dignidade humana", afirmou, dando depois como exemplos Francisco Sá Carneiro e Mário Soares, que triunfaram e perderam em vários atos eleitorais.