Carlos Vila Nova disse que a ilha de Príncipe, mesmo fazendo parte da Reserva Mundial da Biosfera, está ameaçada, e que o conjunto do arquipélago, que tinha uma área de 1.001 quilómetros quadrados, atualmente só tem 960 quilómetros quadrados.
“Constatamos que 4% da área terrestre foi engolida pelo aumento do nível do mar devido ao aquecimento global”, disse.
A situação pode piorar se o aquecimento global continuar, acrescentou, pois “eventos extremos ao nível do mar que anteriormente ocorriam uma vez a cada 100 anos podem ocorrer todos os anos até o final deste século”.
Embora reconheça que as alterações climáticas afetam indiscriminadamente todo o mundo, o chefe de Estado confessou a impotência do país para agir sem o apoio financeiro dos países desenvolvidos.
“Com todas estas consequências dramáticas, as nações vulneráveis e os pequenos Estados insulares em desenvolvimento estão cada vez mais frustrados, pois os nossos pedidos e necessidade de colaboração continuam sem resposta de outras nações mais ricas e do G20”, afirmou.
O Presidente são-tomense urgiu os países a acelerarem os compromissos de financiamento aos países em desenvolvimento para tomarem medidas de mitigação e adaptação, os quais estão atrasados.
O acordo para os países desenvolvidos mobilizarem anualmente um total de cerca de 100 mil milhões de dólares (86 mil milhões de euros) em financiamento climático para apoiar os países em desenvolvimento foi celebrado em 2009 e, inicialmente, o objetivo era que fosse conseguido até 2020, mas só deverá acontecer em 2023.
“São Tomé e Príncipe tem visto pouco progresso na adaptação às alterações climáticas. Para isso, ainda precisa de um apoio forte e urgente para continuar a construir a resiliência das comunidades mais vulneráveis”, disse Vila Nova.
O país tem uma estratégia de transição para as energias renováveis e uma economia azul, garantiu.
“Mas não temos os meios para implementá-la e estamos numa corrida contra o tempo”, lamentou.
O Presidente de São Tomé e Príncipe falava na sessão desta manhã de declarações dos países sobre as suas metas e planos para combater as alterações ambientais.
As intervenções dos chefes de Estado ou chefes de governo presentes em Glasgow começaram na segunda-feira e terminam esta tarde.
Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos reúnem-se até 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, na 26.ª Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre alterações climáticas (COP26) para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.
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