Numa declaração perante o Conselho de Segurança da ONU, que se reuniu para abordar a violência sexual e o tráfico de seres humanos no contexto da guerra na Ucrânia, Michel dirigiu-se diretamente ao embaixador russo junto das Nações Unidas, Vasily Nebenzya, acusando o Kremlin de travar as exportações de comida para os países em desenvolvimento.
Michel relatou ainda casos de "violência sexual por tropas russas como arma de guerra". "A violência sexual é um crime de guerra, é um crime contra humanidade. Tratam-se de atos vergonhosos, uma guerra vergonhosa", disse o presidente do Conselho Europeu.
Segundo a agência Reuters, ainda antes da intervenção de Michel, Nebenzia já se tinha antecipado a estas acusações na sua vez de participar, "negando categoricamente" quaisquer acusações de violência sexual por parte de soldados russos e condenando-as como "mentiras".
Nebenzia saiu da sala em protesto ainda durante a intervenção do presidente do Conselho Europeu, motivando Michel a dirigir-se diretamente ao embaixador russo: "Pode sair da sala, talvez lhe custe ouvir a verdade".
No exterior, o embaixador disse à agência Reuters, com um semblante visivelmente irritado, que não podia ficar na sala devido "às mentiras que Charles Michel veio aqui distribuir".
Charles Michel acusou ainda a Rússia de propaganda e de ter em curso uma forte campanha de mentiras e desinformação.
"Devemos acabar com a propaganda russa", uma vez que a União Europeia "não impôs nenhuma sanção ao setor agrícola na Rússia” e que sanções europeias “não impedem que navios russos transportem alimentos, cereais ou fertilizantes para países em desenvolvimento", argumentou o político belga.
"O Kremlin está a usar suprimentos de alimentos como um míssil invisível contra nações emergentes. (...) A Rússia é a única responsável por esta situação, apesar da sua campanha de mentiras e desinformação", acrescentou.
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