Temos um post-it na mão e pedem-nos para desenhar uma casa. Fazemo-lo sem pensar muito. Provavelmente começamos por desenhar uma casa com o telhado triangular porque é a que está no nosso imaginário. Então e se nos derem mais três papelinhos e o pedido se mantiver? Vamos desenhar casas diferentes, mais complexas. O que era uma casa-tipo vai desaparecendo. Mas as casas vão ser sempre casas.

O que parece um exercício simples serviu para mostrar aos quinze jovens empreendedores sociais o quanto temos a nossa vida automatizada, numa primeira fase. E se queremos chegar a algum lado estes automatismos da vida quotidiana têm de ser deixados de lado. Mas é mais do que isso: a dinâmica dos post-it e das casas pode ser, por si só, uma forma de ver o Programa Jovens Empreendedores Sociais (JES) da Universidade Europeia.

Andrés Pina, diretor do Programa Jovens Empreendedores Sociais da Universidade Europeia em Espanha conta que os projetos que chegam ao JES são sempre uma forma de “criar impacto na sociedade”, mas têm sempre “diversos formatos, diversos modelos de negócio”. São como as várias casas desenhadas pelos empreendedores.

“Esteve assente desde início que os nossos empreendedores deviam vir de diferentes comunidades autónomas, que apostassem em diferentes formas de fazer, de enfrentar a inovação social. É esta a resposta que se pode dar a diferentes desafios, mas é uma resposta criativa e que tem também um componente de propósito social muito importante”, explica.

Pedro Marques | MadreMedia

E a diversidade não fica por aqui. “Também apostamos na diversidade de género. Atualmente, na décima edição, temos 60% de mulheres e 40% de homens a formar-se connosco. Projetos estes que partilham esse espírito crítico e de inovação social. Eles formam-se connosco para escalar os seus projetos e melhorar as suas competências como empreendedores sociais”.

Mas utilizemos como exemplo um outro exercício que os vencedores tiveram de fazer numa das sessões para percebermos a dinâmica do programa. Tudo começa com uma folha em branco e uma amêndoa. Cada ideia é uma amêndoa. É uma semente que pode dar uma árvore, mas que acaba de começar. É como um ser vivo que vai crescer. Mas não se sabe como.

Em primeiro lugar surgem as raízes. E estas são, para os jovens empreendedores sociais, todos os sucessos, as pessoas que conheceram e que os ajudaram, as coisas importantes que aconteceram. E o programa JES é isto: a base para uma árvore que pode vir a crescer e a dar ela própria frutos.

Andrés fala do caso concreto de Espanha. “Em dez anos em que apostamos neste programa temo-nos dado conta que o nosso valor fundamental está na diversidade dos projetos que vamos premiando. Cada ano reconhecemos dez iniciativas de jovens empreendedores sociais que estão a melhorar as condições daquilo que os rodeia. Com isto o que estamos a fazer é levar o talento empreendedor destes jovens à sociedade”, justifica.

Por outro lado, juntar Portugal e Espanha como parceiros neste projeto pode significar muito: há mais oportunidades de mudança para os dois países. “Queremos apostar no talento empreendedor com impacto social e sobretudo queremos ajudá-los [aos jovens] a que sejam esse motor de mudança [da sociedade]. Para isso temos de dedicar recursos, o nosso tempo, carinho e formação ao serviço destes empreendedores sociais. É também importante a Universidade Europeia em Portugal, que nos está a ajudar a internacionalizar este programa, a colaborar e a procurar laços entre Espanha e Portugal, para que, entre ambos os países, se possa apostar mais e melhor para os empreendedores sociais”.

Como em tudo o que é novo podem surgir receios. Mas é preciso deixar os medos de lado e continuar a fazer caminho. Quando ainda é tudo muito ténue, a solução é acender uma vela. Foi o que foi ensinado aos empreendedores numa outra dinâmica. E se uma luz se apagar unem-se esforços e logo se retoma o percurso. E agora isto é mais fácil. Afinal, como se ouviu na Universidade Europeia de Madrid — “somos uma tribo”, portugueses e espanhóis.

Pedro Marques | MadreMedia

O programa JES

A primeira edição do programa JES foi promovida pela Universidade Europeia, pela Laureate International Universities, International Youth Foundation, Forum Estudante e pela Ashoka Portugal.

Em Portugal estiveram em avaliação 44 projetos empreendedores de caráter social e ambiental que foram analisados por especialistas desta área. O desafio foi dirigido a jovens entre os 18 e os 29 anos, fundadores ou cofundadores de iniciativas que procuram a transformação social baseada na equidade, justiça e na proteção do meio ambiente.

Os critérios de eleição basearam-se na capacidade de liderança, impacto social, sustentabilidade e visibilidade dos projetos e dos seus jovens líderes que atuam como personalidades inspiradoras de uma sociedade melhor.


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