Atualmente, "o problema da seca está bastante minimizado, mas isso não se pode, em situação alguma, dizer-se para o país todo" e "a situação é preocupante", disse João Matos Fernandes, na cerimónia de apresentação do Programa de Intervenções a Curto Prazo em Albufeiras, no concelho de Ourique, no distrito de Beja, no Alentejo.

Segundo o ministro, já houve "uma recuperação imensa numa zona vasta do país, numa maneira geral a norte do rio Tejo", onde "já não existe um problema de seca", com "exceção" da zona da raia com Espanha.

No entanto, avisou, "estamos mesmo a viver uma situação difícil, isso é muito evidente a sul do país, menos no Algarve, e, por isso, a frase de ordem é e será sempre a mesma: poupar água".

"Todos nós, cidadãos, agricultores, industriais, temos que saber viver com menos água", defendeu, afirmando: "Temos mesmo de nos adaptar. E adaptar quer dizer, lido da forma mais simples, sabermos viver com os recursos que temos".

"E temos mesmo de nos adaptar a viver com menos água", porque "não podemos estar sempre a imaginar que vamos construir infraestruturas [barragens] que vão contrariar as próprias vontades da natureza", defendeu.

Segundo o ministro, "nos últimos 100 anos, houve dez anos em que choveu pouco e cinco desses dez anos aconteceram já no século XXI e ainda não conta o ano de 2018", ou seja, nos últimos 17 anos houve cinco dos 10 anos com pouca chuva e os restantes ocorreram nos restantes 83 anos.

"Esta tendência não é linear. Não se pode dizer que cada ano vai ser pior. Esperamos bem que este ano hidrológico traga mais água do que o ano anterior, mas na série longa estes números são certamente cada vez mais preocupantes", disse, referindo que "há uma tendência para que chova menos e, por isso, é tão importante aproveitar as infraestruturas que temos para aproveitar ao máximo a água que nelas existe".

João Matos Fernandes disse que sente "um orgulho muito grande" por o que o Ministério do Ambiente, as entidades que trabalham, com ele e as autarquias fizeram em 2017 para combater a seca, porque "o compromisso que assumimos foi absolutamente honrado: não faltou a água nas torneiras dos portugueses".

No entanto, "não podíamos ficar por aqui" e "temos de saber preparar este ano" e, por isso, o plano do Governo de combate à seca contempla ações de curto prazo, como as intervenções de limpeza previstas no programa hoje apresentado, e de médio prazo, como as de tratamento de efluentes para serem usados para funções urbanas, ou seja, rega de jardins e limpeza de ruas.

Ou seja, "temos um conjunto de ‘timings' e de formas de ir construindo processos que façam com que Portugal seja um país mais adaptado a uma muito provável menor quantidade de água disponível".

"Não sabemos se vai chover mais ou menos. Aquilo que sabemos é que temos mesmo de poupar e utilizar da melhor forma possível a água que temos", disse, rematando: "Poupando água, todos vamos certamente chegar ao próximo verão em muito melhores condições, nos sítios mais críticos no que ao recurso água diz respeito, do que chegaríamos se não fizéssemos este esforço".