“Lamento que as recentes revelações inevitavelmente levem à conclusão de houve repetidas violações de regras e infrações da lei em Downing Street”, escreveu no Twitter o também advogado.
David Wolfson é o primeiro alto funcionário a abandonar o Executivo de Boris Johnson, após o início da polémica.
“É com pesar que cheguei à conclusão de que a escala, o contexto e a natureza dessas violações tornam inconsistente com o estado de direito que tal conduta fique impune pela Constituição, especialmente quando muitos na sociedade cumpriram as normas com grande custo pessoal, e outros foram multados ou processados por delitos semelhantes ou até mais triviais”, acrescentou.
O secretário de Estado demissionário salientou ainda que o seu descontentamento não se deve apenas ao que aconteceu em Downing Street, onde houve 20 festas durante a pandemia, ou pela “própria conduta” de Boris Johnson, mas sobretudo pela “resposta oficial ao acontecimento”.
“Como obviamente não partilhamos dessa opinião, devo pedir que aceite a minha demissão”, frisou o político conservador.
Na terça-feira, o primeiro-ministro britânico pediu desculpa, mas recusou demitir-se, após ser multado por uma festa de aniversário em Downing Street em infração das normas anti-covid-19, uma sanção sem precedentes para um chefe de Governo britânico em exercício.
“Quero já dizer-vos que paguei a multa e que apresento mais uma vez as minhas desculpas”, declarou Boris Johnson à televisão britânica BBC, acrescentando, quando questionado sobre os apelos para a sua demissão: “Quero agora continuar e cumprir o mandato que me cabe”.
Embora em janeiro se pensasse que Johnson poderia ver-se obrigado a demitir-se por causa da crise batizada como “Partygate”, o dirigente conservador parece agora protegido por as atenções se terem desviado para a guerra na Ucrânia.
A punição, hoje anunciada por Downing Street, constitui, no entanto, um revés grave para Boris Johnson, que não só infringiu a lei, mas também correu o risco de assegurar não ter feito nada de ilegal no parlamento, quando houve festas de despedida, aperitivos ao sol e outras celebrações durante os períodos de confinamento para combate à pandemia de covid-19, reveladas nos últimos meses pela imprensa.
Ao pedir desculpa na televisão, explicou que essa festa-surpresa de aniversário realizada a 19 de junho de 2020, na sala do conselho de ministros, para assinalar o seu 56.º aniversário, durou “menos de dez minutos”.
“Devo dizer francamente que não me pareceu, na altura, que tal infringisse as regras”, sustentou.
Embora garantindo “compreender a raiva”, descartou os apelos à demissão feitos nomeadamente pelo líder dos trabalhistas, Keir Starmer, e pela primeira-ministra independentista escocesa, Nicola Sturgeon.
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