Questionado sobre os moldes em que se realizaram as celebrações do 1.º de Maio na Alameda, Marcelo Rebelo de Sousa disse, em entrevista à Rádio Montanha, que a sua ideia de celebração era mais "simbólica". "A minha ideia era mais simbólica e mais restritiva. Não era desta dimensão e deste número", disse o chefe de Estado.

A ideia foi depois reiterada esta tarde, em declarações aos jornalistas, em Lisboa, à saída de uma livraria onde o presidente foi para comprar um livro.

"Eu sempre achei que devia ser celebrado o 1.º de Maio, não havia uma suspensão da democracia, isso tinha de ficar claro. (...) Confesso que tinha mais uma ideia simbólica, como no fundo foi no 25 de Abril", acrescentou.

O Presidente remeteu, porém, a responsabilidade sobre os moldes da celebração para as autoridades de saúde, às quais o decreto presidencial do Estado de Emergência dava poderes para avaliar a realização deste evento.

Questionado na conferência de imprensa diária da Direção-Geral da Saúde sobre as declarações de Marcelo, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, confirmou que a responsabilidade da avaliação cabe às autoridades de saúde, mas salientou que "as realidades de hoje não são as de ontem. Cada vez que pestanejamos, a nossa realidade muda".

“Não me cabe a mim comentar as declarações do Sr. Presidente da República. A única que lhe poderei dizer é que às autoridades de saúde cabe a definição de regras sanitárias de acordo com aquilo que é a melhor evidência a cada momento, sendo que, a cada momento, também algo vai evoluindo e podendo ser diferente. As realidades de hoje não são as de ontem. Cada vez que pestanejamos, a nossa realidade muda", disse Lacerda Sales.

Por oposição, Marcelo Rebelo de Sousa elogiou a decisão da Igreja Católica portuguesa de manter as celebrações do 13 de Maio, em Fátima, muito restritas, tendo mesmo apelado aos peregrinos para que não se desloquem ao santuário.

Até porque, salientou Marcelo, "o que acontecer agora em maio só é visível em número de casos em junho" e se houvesse um aumento significativo poderia vir a ser atribuído a estas celebrações religiosas.

Em 06 de abril, o Santuário de Fátima já tinha anunciado que a Peregrinação Internacional Aniversária de maio seria este ano celebrada sem a presença física de peregrinos, devido à covid-19, mas que se manteriam as principais celebrações.

Em entrevista à SIC no sábado, a ministra da Saúde, Marta Temido, assumiu que as celebrações do 13 de maio, em Fátima, são “uma possibilidade”, desde que sejam uma opção dos organizadores e cumpridas as regras sanitárias.

Posteriormente, o bispo de Leiria-Fátima, António Marto, disse já que o 13 de Maio no Santuário de Fátima será celebrado “sem a habitual participação dos peregrinos”, como já tinha sido decidido pela Igreja Católica.