“Sabemos que há polémicas fora do Sínodo. Se não fosse um documento de reconciliação não seria do Papa Francisco. A misericórdia e o diálogo estão no centro deste documento”, disse o cardeal Michael Czerny na conferência de imprensa de apresentação da exortação apostólica pós-sinodal intitulada “Querida Amazónia”.
No texto o Papa não faz referência à possibilidade de ordenação de homens casados para responder à falta de padres na Amazónia, uma das recomendações feita pelos bispos durante do Sínodo da Amazónia, realizado em outubro no Vaticano.
Segundo o cardeal há questões que “continuam em aberto”, referindo que o Papa indica no texto que preferiu não citar o documento final do sínodo dos bispos divulgado em 2019, mas sim convidar a que seja lido integralmente.
Questionado pelos jornalistas se esta posição do Papa poderia ser interpretada como um “encerrar de portas” à ordenação de homens casados, o cardeal respondeu que a melhor forma de compreender o documento é observá-lo no âmbito de um processo.
“É parte de uma viagem. Chegámos a um ponto importante deste processo sinodal, mas há muitos quilómetros a serem percorridos”, disse.
Já o cardeal Baldisseri, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, disse que o documento “não é magistério” pontifício, uma vez que não existiu uma aprovação formal do documento final.
O cardeal acrescentou que o documento do Sínodo tem uma autoridade moral, mas não de magistério.
“Temos de ter presente que o Papa nos convida sempre a um caminho de diálogo sinodal. O sínodo não termina com o sínodo nem com a exortação. É um convite que nos faz quando diz que toda a Igreja, pastores consagrados, fiéis, laicos e leigos se empenhem na aplicação daquilo que o documento final propõe”, referiu.
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