Numa declaração divulgada em Davos (Suíça), onde está a decorrer o Fórum Económico Mundial, o porta-voz do secretário-geral das Nações Unidos afirmou que Guterres está “preocupado com os relatos de vítimas no contexto de manifestações e distúrbios na Venezuela e pede uma investigação transparente e independente” desses incidentes.
Na mesma nota, o porta-voz indicou que António Guterres, que hoje interveio no Fórum Económico Mundial, pede igualmente que “neste momento crítico, todos os atores reduzam as tensões e procurem todos os esforços para evitar a violência e evitar qualquer escalada”.
Relatos de organizações não-governamentais indicam que em dois dias de protestos na Venezuela pelo menos 14 pessoas morreram. Também existem informações que indicam que mais de 200 pessoas terão sido detidas.
Ainda em Davos, e à margem do fórum, Guterres já tinha apelado para o diálogo na Venezuela.
“Esperamos que o diálogo seja possível para evitar uma escalada que conduza a um conflito que será um desastre para a população do país e para a região”, afirmou Guterres.
António Guterres adiantou também na mesma ocasião que “todos os governos soberanos têm a possibilidade de escolher o que querem”, quando se trata de reconhecer qual dos dois é o presidente legítimo.
O presidente da Assembleia Nacional (parlamento venezuelano), Juan Guaidó, de 35 anos, autoproclamou-se na quarta-feira Presidente interino da Venezuela, perante milhares de pessoas concentradas na capital do país, Caracas.
Nicolás Maduro iniciou a 10 de janeiro o seu segundo mandato de seis anos como Presidente da Venezuela, após uma vitória eleitoral cuja legitimidade não foi reconhecida nem pela oposição, nem pela comunidade internacional.
Os Estados Unidos, a Organização dos Estados Americanos (OEA), a maioria dos países da América Latina, à exceção de México, Bolívia, Nicarágua e Cuba — que se mantêm ao lado de Maduro, que consideram ser o Presidente democraticamente eleito da Venezuela -, já reconheceram Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela.
Rússia, China, Turquia e Irão manifestaram também o seu apoio a Nicolas Maduro.
A União Europeia defendeu a legitimidade democrática do parlamento venezuelano, sublinhando que “os direitos civis, a liberdade e a segurança de todos os membros da Assembleia Nacional, incluindo do seu Presidente, Juan Guaidó, devem ser plenamente respeitados” e instando à “abertura imediata de um processo político que conduza a eleições livres e credíveis”.
Da parte do Governo português, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, expressou na quarta-feira pleno respeito pela “vontade inequívoca” mostrada pelo povo da Venezuela, disse esperar que Nicolás Maduro “compreenda que o seu tempo acabou” e apelou para a realização de “eleições livres”.
A Venezuela, país onde residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes, enfrenta uma grave crise política e económica que levou 2,3 milhões de pessoas a fugir do país desde 2015, segundo dados da ONU.
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