No encerramento de uma sessão em Lisboa em que se assinalou o 39.º aniversário da Juventude Comunista Portuguesa, Jerónimo de Sousa quis partilhar “três elementos” da atual situação política nacional, quando passam três anos da assinatura das posições conjuntas entre PS, BE, PCP, e PEV que permitiram a formação do Governo minoritário dos socialistas.
“Não há nenhum avanço, nenhuma medida positiva, nenhuma conquista nesta nova fase da vida política nacional que não tenha a marca do PCP”, afirmou, acrescentando que, “mesmo perante os pungentes avisos daqueles que estão sempre preocupados com o futuro do PCP”, o partido “não desperdiçou a oportunidade” de repor direitos e rendimentos para os trabalhadores.
No dia em que terminou a convenção do Bloco de Esquerda – a que não aludiu no seu discurso -, o secretário-geral do PCP defendeu que é no seu partido “que está a garantia mais sólida de construção de um caminho alternativo capaz de dar solução aos problemas do país”.
“Só não se foi mais longe nestes anos, na recuperação de rendimentos e na resposta aos défices estruturais do país, porque o PCP não teve ainda a força, os votos e a representação parlamentar necessária para tal”, afirmou Jerónimo de Sousa, apelando a esse reforço em próximos atos eleitores e no recrutamento interno.
Como dois outros elementos marcantes da solução política dos últimos três anos, o secretário-geral do PCP apontou a descoberta de que havia “um caminho alternativo” ao que PS, PSD e CDS “impuseram durante décadas”.
“Hoje já ninguém consegue desmentir que, tal como o PCP vinha reclamando há muito, a política de devolução de rendimentos, impulsionando o mercado interno, está a ser o motor do crescimento da economia e do emprego. É este o caminho a prosseguir”, apelou.
Jerónimo de Sousa defendeu, em terceiro lugar, que todas as conquistas conseguidas foram “inseparáveis da luta de massas”, lembrando que muitas das medidas “não se encontravam no programa eleitoral do PS, não estavam sequer no seu programa de Governo, e algumas foram mesmo conseguidas contra a vontade do Governo”.
Por essa razão, o secretário-geral apelou à mobilização para a manifestação da próxima quinta-feira, convocada pela CGTP-In, em Lisboa.
“Este é o momento de lembrar ao Governo a força, a combatividade e a determinação dos trabalhadores e das populações para reclamar a resolução dos muitos problemas em presença”, afirmou.
Na sua intervenção, no Centro de Trabalho Vitória, em Lisboa, Jerónimo de Sousa considerou que o próximo Orçamento do Estado, em debate na especialidade no parlamento, apesar de “limitado e insuficiente”, representa um avanço “na luta dos trabalhadores e do povo português”, até por “aquilo que de negativo impede”.
O secretário-geral comunista destacou algumas propostas já apresentadas pelo PCP nesta fase visando os mais jovens, como a manutenção das bolsas de ação social, o aumento do valor do complemento de alojamento para os estudantes do Ensino Superior público, bem como o reforço de 15 milhões de euros para a construção de residências, ou o alargamento do apoio social na gravidez e do abono de família pré-natal.
Saudando a JCP pelos seus 39 anos – com direito no final a parabéns cantados com a letra habitual, mas ao ritmo d’“A Internacional” - Jerónimo de Sousa realçou que os problemas dos jovens portugueses continuam a ser “se chove ou não nas salas de aula, se há ou não há refeitório, se os telhados são ou não de amianto”, exemplificou.
“Quando nos cruzamos com um jovem trabalhador, o que o traz pensativo é o vínculo precário, é a indefinição se amanhã ainda vai ter emprego, é o salário baixo que não chega até ao fim do mês, é o horário que está sempre a mudar e não permite organizar a vida, são as condições de trabalho cada vez mais duras”, apontou.
Para Jerónimo de Sousa, as respostas para estes problemas “não se vislumbram no voluntariado, no empreendedorismo, nas aplicações de telemóveis, ou na revolução digital”.
[Notícia atualizada às 19:36]
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