Organizada em conjunto com a Direção-Geral de Tráfico espanhola, o primeiro ‘workshop ibérico’ sobre estradas seguras traçou que o grande objetivo da União Europeia passa em diminuir os mortos vítimas de acidentes rodoviários, número que atingiu as 25 mil pessoas em 2018.

Na sua intervenção, a vice-presidente da ANSR, Ana Tomaz, referiu que a segurança rodoviária é “um problema a nível mundial e de saúde pública” e sublinhou que Portugal “fez um percurso fantástico” nas últimas duas décadas na redução do número de mortos, passando a estar em linha com a União Europeia.

Destacando o investimento que tem sido feito nas infraestruturas rodoviárias nos últimos anos e os diferentes planos de prevenção, Ana Tomaz afirmou que o Plano Estratégico Nacional de Segurança Rodoviária que tem como objetivo reduzir em mais de metade os mortos nas estradas até 2020 “é um pouco mais ambicioso do que a União Europeia”, mas não adiantou se vai ser concretizado.

Dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) mostram que o número de mortos nas estradas portuguesas aumentou em 2018, pelo segundo ano consecutivo.

Segundo a ANSR, em 2016 morreram 445 pessoas, passando para 510 em 2017 e para 513 em 2018, apesar de ainda não existir até hoje o relatório definitivo do ano passado.

Dados hoje divulgados na página da internet da ANSR mostram que o número de mortos nas estradas portuguesas continuou a subir nos primeiros seis meses do ano relativamente ao período homólogo, bem como o número de feridos graves, apesar de se terem registado menos acidentes.

De acordo a ANSR, entre 01 de janeiro e 30 de junho deste ano morreram 224 pessoas nas estradas portuguesas, mais seis do que no período homólogo (218).

No mesmo período foram registados 994 feridos graves, mais 101 do que nos primeiros seis meses de 2018.

Entre 01 de janeiro e 30 de junho deste ano registaram-se 63.058 acidentes, menos 382 do que em igual período do ano passado (63.440).

A vice-presidente da ANSR avançou também que está já a ser pensado uma nova estratégia que pretende até 2050 ter zero mortos nas estradas em Portugal, sendo assente em quatro pilares, designadamente veículos, condutores, estradas e velocidade mais seguras.

Por sua vez, o diretor-geral de Tráfico, Pere Navarro, assumiu que atualmente morrem nas estradas espanholas 1.800 pessoas, um número elevado, apesar dos avanços alcançados desde 2004.

Pere Navarro deu conta de algumas medidas que vão ser implementadas em Espanha para reduzir a sinistralidade, como o aumento do número de radares, que já são atualmente 1.200 nas estradas espanholas, e o agravamento das penalizações no sistema da carta por pontos nas infrações que mais contribuem para os acidentes.

Referiu também que, depois dos helicópteros, Espanha vai agora passar a usar ‘drones’ para vigiar o trânsito.

Segundo o mesmo responsável, Espanha tem feito campanhas fortes junto dos condutores sobre o uso do telemóvel durante a condução e o excesso de álcool, constituindo neste país crime uma taxa de álcool de sangue igual superior 0,60 gramas por litros no sangue.

Na conferência, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) divulgou que está a desenvolver o plano municipal de segurança rodoviária que tem como ambição atingir os zero mortos no prazo de 10 anos.

De acordo com Miguel Gaspar, entre 2010-2018 morreram na cidade de Lisboa 169 pessoas e 734 ficaram gravemente feridos.