Escreve o Público esta quarta-feira que o estudo analisou 86 profissionais de saúde do hospital, tendo concluído que há uma diminuição nas quantidade de anticorpos após seis meses de vacinação.

Segundo os responsáveis pelo estudo, os profissionais de saúde testados tinham uma produção de anticorpos "bastante robusta" após um mês da primeira dose. Já um mês depois da segunda foram atingidos "valores máximos" — dados que constam também noutros estudos sobre o tema. Todavia, este valor "vai caindo" posteriormente, havendo "algumas oscilações" três meses após a segunda dose, mas "sem uma variação estatisticamente relevante". Passados seis meses, a diminuição de anticorpos é "ainda significativa", mas estes continuam elevados.

A imunologista Helena Soares explica ao jornal que os resultados devem ser lidos com algumas ressalvas: a diminuição de anticorpos era esperada e é preciso ter em conta que em causa estão indivíduos entre os 30 e os 50 anos, o que tem influência na resposta do sistema imunitário.

Recorde-se, por exemplo, que estudos já realizados mostram que a resposta à vacina contra a covid-19 é menor quanto mais avança a idade: seis meses após a vacinação, "à semelhança do que acontece com outras vacinas", a diminuição dos anticorpos "é mais rápida na população mais idosa", segundo o Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC). Mesmo assim, 63% dos idosos tinham anticorpos.

Apesar dos bons resultados deste estudo entre os profissionais de saúde, é ainda necessário ter outro factor em conta: não se sabe qual é a quantidade mínima de anticorpos que impede a entrada do vírus nas células. "Os estudos serológicos só medem a produção de anticorpos total e não aferem a sua funcionalidade", explicou a investigadora ao Público.

"Embora sejam muito importantes, os anticorpos constituem só uma faceta da resposta imunitária", acrescentou Helena Soares. "A resposta imunitária é complexa e a nossa protecção contra infecções é assegurada por diferentes mecanismos e intervenientes, por vezes, redundantes", adiantou.